Israel acusou o grupo terrorista Hamas de forjar a recuperação de restos mortais de reféns israelenses na Faixa de Gaza. O Exército divulgou terça-feira (28) um vídeo de 15 minutos, gravado por um drone, que supostamente mostra membros da facção encenando a retirada de um cadáver diante de representantes da Cruz Vermelha.

A divulgação das imagens ocorreu poucas horas antes de o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu ordenar “ataques poderosos” contra o território palestino, gesto que pode enterrar de vez o acordo de cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos. O premiê vinha sendo pressionado por integrantes da linha-dura de seu gabinete e por familiares de reféns a reagir ao que consideram falta de disposição do grupo em devolver os corpos.

No vídeo, homens identificados como membros do Hamas aparecem arrastando o que parece ser um corpo coberto por um tecido branco e jogando-o em uma vala. Em seguida, eles pegam pás e começam a cobrir o corpo com terra.

Logo depois, uma escavadeira se aproxima do local e remove parte da terra. Representantes da Cruz Vermelha aparecem nas imagens após serem chamados.

“O Hamas encenou uma falsa descoberta do corpo de um refém morto”, diz o comunicado do Exército.
“Apesar de falar em dificuldade em localizar os corpos [dos sequestrados], o Hamas continua a reter e manipular os restos mortais que se recusa a liberar conforme o acordo [de cessar-fogo].”

Até o momento da publicação, o Hamas não havia se manifestado sobre as imagens.

Situação dos reféns e devolução de corpos

Dos 28 corpos de reféns ainda sob poder do Hamas, 15 foram devolvidos a Israel e entregues às famílias para velório. O grupo palestino afirma que 13 corpos permanecem sob escombros de construções destruídas pelos bombardeios israelenses.

No domingo (26), o governo de Israel autorizou equipes da Cruz Vermelha e do Egito a entrarem em Gaza para buscar os corpos de reféns mortos além da “linha amarela”, área que marca o recuo militar israelense no território.

Identificação de refém e novas acusações

Nesta terça-feira (28), o gabinete de Netanyahu informou que os restos mortais de um dos reféns devolvidos na segunda-feira pertenciam a Ofir Tzarfati, sequestrado nos ataques de 7 de outubro.

Segundo o governo, parte dos restos mortais de Tzarfati já havia sido recuperada pelo Exército em uma operação militar anterior, há cerca de dois anos, na Faixa de Gaza.

O Fórum de Familiares de Reféns e Desaparecidos, principal associação de parentes das vítimas, acusou o Hamas de violar o cessar-fogo em vigor desde o dia 10 e pediu que o governo agisse “com firmeza contra essas violações”.

Cessar-fogo sob risco e tensão crescente

O impasse reacendeu as tensões entre Israel e Hamas e ameaça colapsar o plano de paz costurado com apoio dos Estados Unidos.

Pelo acordo atual, o Hamas libertou todos os reféns vivos em troca da soltura de quase 2.000 prisioneiros palestinos, enquanto Israel recuou suas tropas e suspendeu temporariamente a ofensiva militar.

Com o novo episódio, porém, as chances de retomada do diálogo diminuem, e o cenário aponta para uma nova escalada de violência na região.

(*) Com informações da Folha de S.Paulo

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