O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quarta-feira (17), que o governo brasileiro não apoiará mais o acordo entre o Mercosul e a União Europeia caso o tratado não receba aval dos europeus a tempo da assinatura prevista para sábado (20), em Foz do Iguaçu.

“Estou agora sabendo que eles [europeus] não vão conseguir aprovar [no Conselho Europeu]”, disse Lula.

Durante reunião ministerial, o presidente indicou que o Brasil não pretende retomar as negociações se o impasse persistir.

“Se a gente não fizer agora, o Brasil não fará mais acordo enquanto eu for presidente. É bom saber: fazem 26 anos que a gente espera esse acordo. É mais favorável para eles [europeus] do que para nós”, afirmou.

Também nesta quarta-feira, a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, declarou ser “prematuro” para a União Europeia assinar um acordo comercial com o Mercosul. Segundo ela, o governo italiano não dará aval na votação prevista para quinta (18) ou sexta-feira (19).

A posição de Meloni coloca em risco a aprovação do tratado na instância europeia, etapa considerada essencial para a assinatura prevista em Foz do Iguaçu.

Parte comercial do acordo está no centro da disputa

O Conselho Europeu analisa apenas a parte comercial do acordo, que foi separada neste ano dos demais elementos do documento. A estratégia busca contornar a exigência de aprovação em cada um dos Parlamentos dos 27 países-membros da União Europeia.

Nesta quarta-feira, Giorgia Meloni anunciou ao Parlamento italiano que passará a integrar o grupo liderado pela França contrário ao pacto.

Com a adesão da Itália, o movimento francês alcança os requisitos para formar uma minoria de bloqueio: quatro dos 27 países-membros, representando ao menos 35% da população da UE. Polônia e Hungria já se posicionaram oficialmente contra o acordo.

Esse cenário pode adiar a assinatura do documento, negociado há mais de duas décadas, que prevê a criação de um mercado de aproximadamente 720 milhões de pessoas.

Decisão pode ficar para próxima reunião do Conselho

O tema seria debatido no triálogo entre Parlamento, Conselho e Comissão Europeia. No entanto, a decisão final tende a ser adiada para a reunião do Conselho marcada para esta quinta-feira (18).

A Dinamarca, que exerce a presidência rotativa da União Europeia neste semestre, pode retirar o assunto da pauta para evitar uma rejeição formal do acordo.

(*) Com informações da Folha de S.Paulo

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