Dezembro é tradicionalmente um mês de celebrações, com Natal, Réveillon e confraternizações, que geralmente aumentam o consumo de bebidas alcoólicas. O excesso, entretanto, pode sobrecarregar o fígado, órgão responsável por metabolizar o álcool.

Segundo a gastroenterologista Ana Beatriz Figueiredo, professora da Afya Educação Médica de Manaus, durante esse processo, o etanol é transformado em acetaldeído, uma substância tóxica que pode causar inflamação, lesão das células hepáticas e fibrose.

“Com o consumo frequente, esse mecanismo pode evoluir para doenças como esteatose hepática, hepatite alcoólica e cirrose”, explica a médica.

Ela também destaca que o consumo crônico está associado ao aumento do risco de câncer de fígado e doenças cardiovasculares.

Mitos sobre álcool e fígado

Um dos equívocos mais comuns é a ideia de que o corpo “se acostuma” com a bebida.

“O que ocorre é o desenvolvimento de uma tolerância, em que o fígado passa a produzir mais enzimas para metabolizar o álcool. Isso faz com que a pessoa precise beber mais para sentir os mesmos efeitos, mas o dano hepático continua acontecendo”, alerta Ana Beatriz.

Entre os riscos, estão o acúmulo de gordura no fígado, inflamação, cirrose e câncer hepático.

Recuperação do fígado após excessos

O tempo de recuperação varia de pessoa para pessoa e depende da quantidade ingerida e da condição de saúde.

“Em cerca de 24 horas sem álcool, o fígado já começa a reduzir a inflamação e iniciar a regeneração celular. Com uma semana, essa recuperação se torna mais significativa, e em torno de um mês pode haver uma melhora importante. No entanto, quando há lesões mais graves, esse processo pode levar meses ou até anos”, explica a professora da Afya.

Qual bebida é menos nociva?

Para a médica, o tipo de bebida é menos relevante que a quantidade e a frequência do consumo.

“Destilados, como whisky e vodka, têm maior concentração alcoólica, o que pode agravar o risco quando ingeridos em excesso. Mas não existe bebida alcoólica segura para o fígado. O consumo excessivo, independentemente do tipo, é o que provoca os danos”, esclarece.

Sintomas de alerta

A atenção aos sinais do corpo é fundamental: dor ou desconforto no lado superior direito do abdome, náuseas, vômitos, fadiga, perda de apetite, olhos e pele amarelados, urina escura e fezes claras.

“Esses sinais indicam que o fígado pode estar sofrendo e devem ser investigados”, reforça Ana Beatriz.

Dicas de prevenção durante festas

A especialista recomenda medidas simples para reduzir riscos:

  • Intercalar o consumo de álcool com água
  • Evitar beber em jejum
  • Manter uma alimentação equilibrada
  • Não misturar álcool com medicamentos

“A melhor forma de proteger o fígado é a moderação. Aproveitar as festas com consciência faz diferença para a saúde a curto e longo prazo”, garante a médica.

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