O consumo de bebidas alcoólicas costuma aumentar durante as festas de fim de ano. Esse crescimento ocorre, principalmente, por causa das confraternizações e celebrações familiares. No entanto, segundo a psiquiatra Alessandra Diehl, esse hábito amplia os riscos à saúde física e mental e também afeta as relações sociais.
De acordo com a especialista, não existe consumo seguro de álcool. Além disso, documentos recentes, ratificados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), reforçam que qualquer quantidade ingerida pode causar prejuízos.
Entre os principais problemas desse período, estão quedas e intoxicações. Também ocorre, com frequência, a redução da supervisão de crianças em ambientes com adultos alcoolizados.
Segundo Alessandra Diehl, é comum que pronto-atendimentos pediátricos recebam crianças que ingeriram bebida alcoólica. Isso acontece, principalmente, pela falta de vigilância adequada dos adultos.
Além desses riscos, a psiquiatra alerta para o aumento de episódios de agressividade e para os perigos da mistura de álcool com medicamentos.
Com o consumo excessivo, a pessoa perde o senso crítico. Como consequência, ela pode se expor a situações de risco, como dirigir alcoolizada. Além disso, aumentam os conflitos familiares e comportamentos agressivos.
Para quem já enfrenta problemas com álcool, o fim de ano é ainda mais delicado. Nesse período, o risco de recaídas cresce significativamente.
Isso ocorre porque a bebida é amplamente ofertada. Além disso, a cultura costuma glamourizar o álcool, o que aumenta a vulnerabilidade de pessoas em recuperação.
Por esse motivo, a psiquiatra reforça que a bebida não deve ser o centro das festas. Quando o álcool ocupa esse papel, ele pode se tornar um gatilho para pessoas emocionalmente fragilizadas.
A especialista também chama atenção para os impactos na saúde mental. Segundo ela, muitas pessoas recorrem ao álcool para lidar com tristeza, ansiedade e frustrações comuns nessa época do ano.
No entanto, o álcool funciona apenas como uma falsa anestesia emocional. Com o tempo, ele pode agravar sintomas de ansiedade e depressão já existentes.
Álcool e juventude
Outro ponto de preocupação é o aumento do consumo entre adolescentes. Em setembro de 2025, o 3º Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad III) trouxe dados alarmantes sobre esse grupo.
O estudo, realizado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), mostrou uma redução no consumo entre adultos. Em contrapartida, o uso de álcool entre adolescentes cresceu.
Na população adulta, a proporção de pessoas que bebem regularmente caiu de 47,7%, em 2012, para 42,5%, em 2023. Já entre os menores de idade, o consumo pesado aumentou. O índice passou de 28,8% para 34,4% no mesmo período.
Segundo Alessandra Diehl, não existe “beber com moderação” para adolescentes. Além de ser proibido por lei, o álcool afeta um cérebro que ainda está em desenvolvimento.
A psiquiatra também critica famílias que permitem ou incentivam o consumo dentro de casa. Para ela, a ideia de beber sob supervisão é equivocada e permissiva.
Por fim, Alessandra reforça que a prevenção exige presença familiar ativa. Além disso, é fundamental transmitir mensagens claras de que o álcool não deve ocupar o centro das celebrações.
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