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Fome

Políticos do AM atribuem crescente da fome ao desemprego e gestão Federal

Das 3,8 milhões de pessoas que vivem no Amazonas, aproximadamente 65% das famílias vivem em escassez de alimentos

Manaus (AM) – A fome no país escalonou exponencialmente nos últimos dois anos. Conforme os dados da pesquisa Vigisan (Inquérito Nacional sobre Segurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil), cerca de 15,5 % dos brasileiros se encontram em insegurança alimentar grave.

O estudo realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Pensan) divulgou, na última terça-feira (8), que entre os mais de 200 milhões de brasileiros, a fome atinge cotidianamente 33,1 milhões de pessoas. Já no Amazonas, das 3,8 milhões de pessoas que vivem no estado, aproximadamente 65% das famílias vivem em escassez de alimentos.

Desemprego e programas

Para o senador Plínio Valério (PSDB), o desmonte de políticas públicas no Brasil afetou diretamente na escalada da fome no país. Um dos principais programas de segurança alimentar do país, o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), foi extinto em 2019.

Além disso, o Plínio também aponta o desemprego, que atinge 15% dos amazonenses, conforme o IBGE, como outro problema central na fome.

“Acima de tudo, é a falta de emprego a geração de renda. Você tem cada vez mais um número maior de pessoas que não tem renda para comprar comida. O IBGE acaba de dizer que no Amazonas tem 47% da população de debaixo da linha de pobreza e uma parcela significativa com um salário mínimo. Eu acho que é falta exatamente disso, de renda e de emprego”,

explicou o senador.

Em 2020, os dados apontavam que aproximadamente 19 milhões de pessoas viviam em insegurança alimentar. Nesse sentido, a situação de pessoas passando fome quase duplicou em menos de dois anos.

Crise na produção e pandemia

Em consonância com o desemprego, a pandemia da Covid-19 também é uma das razões para o recrudescimento da fome no pais, segundo Plínio.  

“A pandemia da Covid-19 também encareceu a produção, e o preço dos produtos, principalmente os produtos alimentares.  Eu acho que esse conjunto todo, a comida muito mais cara e a população cada vez mais desempregada gerou essa bomba”,

disse Plínio.

Assim como Plínio, o deputado federal Bosco Saraiva (Solidariedade), também credita o desemprego como resultante do aumento da fome no Brasil.

“Nesse item, o governo federal tem muita culpa, pois um dos setores que está paralisado desde 2019 é a “construção civil” que emprega milhões de brasileiros e, infelizmente, a atual política do ministro Paulo Guedes, endossada pelo presidente da república, é de não fomentar a construção civil, através da Caixa Econômica. O resultado é o alto nível de desempregados entre pedreiros, carpinteiros, ajudantes, vigias, cozinheiras, e por aí vai”,

observou.

A vereadora professora Jacqueline (União Brasil) observa que as crises econômicas que se estendem para todas as esferas do comércio, atravessam, principalmente, a região rural e os territórios indígenas, que tem sua produção, e consequentemente, sua renda afetada. Assim, com a falta de renda, muitas famílias não conseguem comprar os alimentos.

“Os agricultores, ribeirinhos e comunidades indígenas possuem inúmeras dificuldades para escoamento da produção. Falta incentivo para trabalhar no solo e nas águas, melhoria das condições nas estradas, redução de impostos e falta de investimentos nos setores de serviços”,

afirmou.   

Conforme o senador Eduardo Braga, a fome já era um problema antigo no Amazonas, e que a pandemia deteriorou ainda mais a capacidade das famílias amazonenses adquirirem uma quantidade e qualidade suficiente de alimentos.

“Antes mesmo de esses novos números virem a público, dados divulgados pelo Instituto IBGE  em 2020 já apontavam que perto de 2,7 milhões de moradores do Amazonas viviam em situação de insegurança alimentar moderada ou grave. De lá para cá, eu não vi nada de contundente ser feito no Amazonas”,

apontou.  

Política econômica

Para o epidemiologista e pesquisador da Rede Cidadã do Amazonas: buscando segurança alimentar, Jesem Orellana, o crescimento da fome no Brasil escancara os diversos e graves erros do estado brasileiro ao longo dos anos. Segundo Jesem, muitos especialistas alertaram o governo sobre os erros estratégicos em relação à segurança alimentar, como a Organização Mundial da Saúde (ONU).

“Não tenho dúvidas, que o modelo econômico adotado no país, continua mais preocupado com o humor do mercado do que com as lágrimas de desespero de milhões de mães e pais que não conseguem um prato com comida para seus filhos. Quando se deixa de investir nas necessidades mais básicas da população e, o direito à alimentação certamente é uma delas, os resultados costumam ser amplamente favoráveis para os mais ricos e desastrosos para os mais pobres, refletindo-se em aprofundamento das históricas desigualdades no Brasil”,

afirmou o epidemiologista.

Segundo o especialista, os principais fatores do aumento da fome foram os equívocos políticos do governo federal, que aconteceram em meio a um cenário pandêmico, com crises econômicas e mudanças climáticas. Assim para ele, os fatores externos não são os causadores da drástica escalada da fome do país.

“A aceleração cada vez maior da inflação e do desemprego, somado ao estrangulamento de programas sociais, como àqueles voltados à aquisição de alimentos ou de incentivo à agricultura familiar, auxiliam a entender o dramático cenário. Neste caso, os mais afetados, acabam sempre sendo os mais vulneráveis como o norte do país”,

explicou o epidemiologista.

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