Nesta edição de “Com a Palavra”, a equipe do Em Tempo conversou com o pré-candidato a deputado federal Castor Regalado (PSC), que é agente especial da Polícia Federal do Amazonas. Castor também já foi advogado, delegado da Polícia Civil em Roraima e investigador no Rio Grande do Norte. Durante a conversa, ele abordou sobre sua principal bandeira: a segurança pública, e propôs ideias para acabar com a criminalidade e a melhoria da estrutura aeroportuária do Amazonas.
Bom, primeiramente eu gostaria que o senhor comentasse um pouco sobre as eleições desse ano. O que o motiva a se eleger como deputado federal?
Olha, eu sou policial já há duas décadas. Essa minha experiência de vida policial, eu quero trazer ela para política justamente para dar voz ao policial, a uma classe inteira, que precisa ser melhor representada, e diretamente sendo representada, as melhorias trazidas para essa classe, elas refletem diretamente na sociedade.
O senhor é um dos pré-candidatos a deputado federal pelo Partido Social Cristão. O que o levou a integrar a sigla?
Olhe, é uma história interessante. Eu estava trabalhando no aeroporto de Manaus e precisei fazer uma entrevista com a família. Estava viajando para o exterior, e nessa família um dos integrantes dela era o Miltinho Castro. Quero mandar um abraço para o Miltinho. O Miltinho é pré-candidato também a deputado estadual, é o presidente da sigla aqui no estado do Amazonas, e nos conhecemos nessa ocasião, onde ele me fez um convite. Eu aceitei, eis-me aqui, e vamos ver, vamos lá. Estamos começando essa caminhada.
Durante a sua pré-candidatura, qual será a principal bandeira levantada pela sua campanha?
Naturalmente, por ser policial, a minha bandeira principal é a segurança pública. Nós temos no Estado do Amazonas diversos crimes transnacionais, crimes próprios de fronteira. Nós temos a questão da violência urbana, e eles estão interligados. Nós precisamos melhorar a atuação, entre as forças policiais e especificamente, em Manaus, a Guarda Municipal que hoje é integrante do SUSP que é o Sistema Único de Segurança Pública. Ela também integra esse sistema de proteção. Então, você precisa ter uma atuação mais interligada das forças policiais e na fronteira das Forças Armadas. A Marinha nas hidrovias, nos nossos principais rios, e a Força aérea, porque nós temos uma vastidão geográfica enorme no Estado do Amazonas. A gente precisa de algumas informações oriundas lá da Força Aérea e nós precisamos também do exército. O exército está localizado na região de fronteira, com seus pelotões de fronteira, seus postos avançados e batalhões, então toda essa estrutura integrada ela tende a melhorar a questão da violência aqui na capital e, por consequência, no Brasil também, já que nós somos hoje um estado que recebe muita droga vinda dos países vizinhos, e daqui sai boa parte dessa droga para o Brasil.
O senhor esteve presente na primeira prisão da operação Lava Jato em Goiânia e também na prisão de um dos membros do cartel de Cali na fronteira com a Venezuela. Eu gostaria que o senhor comentasse um pouco sobre essa sua atuação, e o que você pode trazer dessa experiência para a política.
No primeiro caso da Lava Jato foi bem por acaso. Eu trabalhava no aeroporto de Goiânia quando os colegas pediram ajuda para identificar um daqueles presos na primeira fase, no dia 17 de março de 2004. Nós conseguimos localizar o passageiro, e os colegas conseguiram efetuar a prisão. O trabalho do aeroporto é um trabalho muito dinâmico. A gente presta apoio a muitas forças policiais, a muitos órgãos, inclusive à própria Polícia Federal, às delegacias, e outras superintendências. A gente tem esse trabalho integrado. Com relação ao segundo caso que você falou, esse foi um recorde de apreensão em 2007, aqui no Estado do Amazonas, de uma carga de cocaína, que veio da Venezuela. Na prisão, um dos chefes do cartel Colombiano foi preso, juntamente com outros integrantes da quadrilha. Como isso pode me ajudar na política? Primeiro a gente não entra na política para fazer mais do mesmo. Como policial, a gente sente se pauta por princípios éticos, e morais. Nós temos ficha limpa. Eu, particularmente, não tenho nenhum tipo de processo, inquérito, sindicância, então eu tenho uma vida pautada pela retidão, são vinte anos de polícia, em três polícias diferentes.
Eu espero que toda essa experiência com esses malfeitores, combatendo o crime, possa ser aproveitado de alguma forma dentro da política. Nós precisamos não só ter bandeiras que tragam força para a segurança pública, mas precisamos também aperfeiçoar a legislação. Principalmente, a legislação processual penal. Veja você que a Lava Jato mudou a história do país, foi uma operação grandiosa. Hoje, quais sãos os resultados práticos da Lava Jato? É uma pergunta que a gente tem que se fazer. Será que isso está certo? Será que gente precisa reforçar a legislação de modo que a gente fortaleça as instituições? A gente precisa desse fortalecimento.
Durante a sua trajetória no ramo da segurança pública, quais são os maiores desafios que os profissionais da segurança pública vivenciam? Quais são as suas reivindicações para a melhoria desse cenário?
Desafios. Sempre é a valorização do policial, a gente vê que o policial é muito valorizado pela população. A população nos têm em boa conta. Mas, nós somos, de alguma forma, mal representados, especialmente na Câmara Federal, e no Senado. Nós temos representantes que conseguem trazer benefícios para a segurança pública, de maneira efetiva, do modo como nós policiais entendemos. Porque, quem conhece a realidade da segurança pública é quem faz segurança pública, é o policial militar que está na rua, é o policial civil que investiga os crimes. As reivindicações dos policiais são sempre essas, de valorização. Nós precisamos de equipamentos de ponta, nós temos. Nós precisamos de tecnologia, nós temos, mas a valorização do policial ela ainda não é adequada. Então, ela precisa ser adequada e reconhecida.
Falando um pouco sobre as questões que envolvem os ataques sofridos pela Zona Franca de Manaus: o que o senhor teria em mente para a melhoria desse cenário?
Olha, a Zona Franca de Manaus é matéria constitucional. O desenvolvimento regional é um dos princípios da constituição federal, ele precisa ser respeitado. Não existe nenhum tipo de favor, por parte da União, ou por parte do Congresso, com a Zona Franca de Manaus. É matéria constitucional. O que a gente precisa é de respeito, a gente precisa de parlamentares que sejam ouvidos. Parlamentares que lutem e briguem adequadamente pela Zona Franca de Manaus, e reconheça que aqui a gente precisa desenvolver uma parte do nosso país que precisa muito desse tipo, não vou dizer benefício, mas que precisa muito desse tipo de estimulo na sua economia.
Sobre o cenário político do Amazonas e do país, como o senhor o analisa?
Mais um ano difícil pela polarização que se apresenta. Nós temos no cenário nacional uma terceira via que parece não conseguir se apresentar adequadamente até as eleições, vamos ver os próximos dias, se isso acontece. No cenário local, a gente vê algumas alianças de ocasião. Eu espero, sinceramente, que novos nomes surjam das próximas eleições, com novas ideias, com uma nova visão de política, para que a gente possa, de uma vez por todas, progredir, e evoluir politicamente, e sermos melhores representados tanto no Congresso, quanto na assembleia.
O motorista de ônibus Claidemir Nascimento pergunta: Eu queria saber qual o seu projeto de lei para acabar com a criminalidade no transporte urbano de Manaus?
Bom Claidemir, não existem grandes novidades na segurança pública, especialmente no combate aos crimes, ao transporte público. Talvez, você lembre das figuras dos policiais Cosme e Damião, eram os policiais que andavam em dupla e eles conheciam toda aquelas pessoas, e onde eles trabalhavam eram policiais integrados à comunidade. Pode ser uma ideia para que volte a ter o Cosmo e Damião, para que volte a ter essa figura, essa dupla policial integrada com a comunidade que é muito importante você conhecer, não só o local onde você trabalha, mas conhecer também as pessoas que convivem ali.
A atendente Patrini Alencar pergunta: o que o senhor tem em mente para a redução da criminalidade e a violência para o Estado do Amazonas?
Bom Patrini, muito obrigado pela pergunta. Olha, a violência e a criminalidade no Amazonas ela tem uma ligação muito forte com o tráfico de drogas. Então, você veja bem: 28% das mortes violentas aqui em Manaus, na nossa capital, estão relacionadas ao tráfico de drogas. Isso é quase 1/3 de todas as mortes violentas relacionadas a um tipo específico de crime. Como é que você reduz essa violência na área urbana? Justamente combatendo o narcotráfico nas áreas de fronteira nos rios, nos principais rios, postos e delegacias do interior. Nós temos sete grandes hidrovias, sete grandes rios por onde escoa essa produção vinda de outros países, e seria uma solução para reduzir os índices de violência na capital.
Agora para finalizar: quais outras ações e projetos que o senhor tem em mente para melhoria da população? Olha, ideias são muitas. Nós temos muitas ideias. Na área de segurança, que é a nossa área de domínio, nós temos essa proposta que é tornar Manaus localidade estratégica, fortalecer a infraestrutura, especialmente do interior. Nós temos um grave problema de infraestrutura aeroportuária no interior, nós não temos aeroportos adequados, nas pequenas e médias cidades do interior. Isso dificulta o transporte de passageiros doentes. Nós não conseguimos transportar, adequadamente, aquelas pessoas que precisam de atendimento médico.
Nós temos restrições a utilização desses aeroportos, em determinados horários. São aeroportos que funcionam ou de dia ou funcionam para aeronaves menores. Então, nós temos um grave problema de infraestrutura nas cidades do interior. Nós temos o básico que é chegada da internet no interior. Você não tem uma cobertura adequada nas pequenas cidades, nós precisamos da internet para que chegue a educação. Hoje você tem educação por EAD, ensino a distância, que pode muito facilmente chegar nas comunidades, nas comunidades indígenas, nas comunidades ribeirinhas, e nas pequenas cidades do interior com o uso de tecnologias.
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