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Empreendedorismo

Movimento slow impulsiona mercado durante a pandemia

Tendência atende à demanda de consumidores mais conscientes e dispostos a desacelerar o ritmo da vida moderna

O movimento slow, caracterizado por uma perspectiva de um estilo de vida mais simples e menos acelerada, tem influenciado a moda, a alimentação e o turismo, entre outros segmentos, desde o final da década de 80. Nos últimos anos, tem ganhado cada vez mais adeptos pelo mundo e se tornado uma tendência que garante um diferencial competitivo para as micro e pequenas empresas (MPE).

O analista do Sebrae Nacional, Luiz Rebelatto, destaca que o movimento slow e similares como o minimalismo e o essencialismo estão se desenvolvendo de forma cada vez mais perceptível no Brasil e no exterior. “É um movimento que prevê uma reconexão àquilo que realmente faz sentido, uma vida com propósito, tempo de qualidade, com a finalidade de ajudar as pessoas, de encontrar razão e bem-estar. Esses negócios que têm o objetivo de atender as demandas desse novo modo de viver e consciência das pessoas caracterizam os empreendimentos slow”, explica.

Segundo o especialista, o slow se fortaleceu na pandemia porque as pessoas tiveram que se adaptar a um novo contexto de vida e de interação com os outros, como o do agrônomo e gastrólogo. O slow food, como é chamado no ramo da alimentação, nasceu na Itália como um manifesto claro contra o fast food, universalizado por grandes marcas.

Rebelatto ressalta que no ramo da alimentação, o movimento valoriza os produtos locais, produzido por pequenos produtores, bem como o consumo de alimentos com mais sabor, livre de agrotóxicos ou orgânicos, oferecendo remuneração justa aos produtores.

O analista do Sebrae Nacional esclarece que os seguidores do slow food apreciam a comida partir de um conjunto de fatores. “Esse consumidor prefere a qualidade ao invés da quantidade. Dispensa o frenesi de consumo e possui consciência de consumo. Não quer dizer que ele queira uma vida sem controle, mas que valoriza o tempo de qualidade com as pessoas ao desfrutar de uma refeição com calma, em um ambiente agradável que permite despertar todos os sentidos, além do paladar”, argumenta.

Impacto positivo na cadeia produtiva

A 16 km do centro de Brasília, a empreendedora Carla Burin comanda uma agroindústria em uma pequena propriedade rural, onde são produzidos alimentos orgânicos voltados para a produção de congelados como quibe vegetal, carne de jaca desfiada, coxinha de jaca, lombo de jaca desfiada, entre outras iguarias veganas. Seus produtos são servidos diariamente no bufê do restaurante vegano Faz Bem, localizado pertinho do centro da capital, na Asa Norte.

O estabelecimento que funciona há oito anos com uma proposta de popularizar o veganismo também utiliza os produtos na preparação de pratos que compõe o cardápio variado, sempre explorando ingredientes mais naturais, em sua maioria produzidos localmente por pequenos produtores, para oferecer opções saudáveis de alimentação para os seus clientes.

A gastróloga e uma das sócias-proprietárias do restaurante Faz Bem, Carolina Lino, fala que prezam por uma culinária afetiva e simples. “A maioria dos nossos fornecedores são produtores da região com os quais trabalhamos em parceria não apenas comercial. Construímos uma rede de apoio com nossos fornecedores e colaboradores, onde compartilhamos nossas crenças e valores e crescemos juntos”, frisa.

Por semana, o restaurante consome 12 kg de carne de jaca desfiada da Fazenda Burin na preparação das receitas que compõem o bufê. “A Carla nos oferece um insumo beneficiado de alta qualidade e difícil de encontrar. Produzir a carne de jaca dá muito trabalho e receber isso pronto facilita muito nosso fluxo de trabalho no restaurante. Além disso, são entregues sempre no prazo, em grande escala e constância”, destaca.

Com o reconhecimento, os produtos da Fazenda Burin alcançam mercado fora do Distrito Federal. A cada 15 dias, grande parte da sua produção segue para São Paulo, onde estruturaram um ponto de distribuição para atender à demanda de varejistas e de restaurantes e chefs de cozinha que valorizam ingredientes orgânicos e mais saudáveis na culinária.

“O food service está se mostrando um segmento com muito mais possibilidades e eu acredito que vai ultrapassar o varejo em pouco tempo. Hoje, os restaurantes querem ter uma opção vegana no cardápio e não querem ocupar a cozinha fazendo um prato. Então, a tendência é que comprem o produto já pronto para oferecer uma opção vegana, sem perder a qualidade”, conta.

*Com informações da assessoria

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