A tradição da Semana Santa ainda é seguida por muitos católicos brasileiros, e para quem não sabe, ela teve origem no século XI, quando o Papa Urbano II a determinou como prática de penitência. O peixe, símbolo profundo na tradição cristã, tornou-se assim, uma opção para o consumo durante essa semana.
Na região amazônica, a Semana Santa é vivida com uma rica tapeçaria de tradições culturais e espirituais, onde a gastronomia ocupa um lugar de destaque. Durante este período, o consumo de peixes locais, uma prática enraizada tanto em preceitos religiosos quanto em hábitos alimentares regionais, destaca-se não apenas por sua importância cultural, mas também pelos inúmeros benefícios à saúde que proporciona.
Espécies como o tambaqui, pirarucu, tucunaré e jaraquí verdadeiros ícones da biodiversidade aquática amazônica, são escolhidas para as refeições desta época, trazendo para a mesa não só sabores únicos, mas também um leque de nutrientes essenciais. Esses peixes são fontes abundantes de ácidos graxos ômega-3, reconhecidos por seus benefícios ao coração, incluindo a redução do risco de doenças cardiovasculares através do controle dos níveis de triglicerídeos e da pressão arterial.
Além do impacto positivo na saúde cardiovascular, o consumo regular de peixes da Amazônia contribui significativamente para a saúde cerebral. O ômega-3 presente nesses peixes é crucial para o desenvolvimento cognitivo e a manutenção das funções cerebrais, oferecendo proteção contra doenças degenerativas e promovendo melhorias na memória e no bem-estar emocional.
Nutricionalmente ricos, os peixes amazônicos são também excelentes fontes de proteínas de alta qualidade, indispensáveis para a reparação de tecidos e a construção muscular. Eles fornecem um vasto espectro de vitaminas, como as do complexo B, e minerais como selênio, potássio e magnésio, componentes chave para um metabolismo saudável e para o fortalecimento do sistema imunológico.
Neste contexto, a escolha por peixes capturados de forma sustentável é fundamental. Optar por espécies obtidas por meio de práticas de pesca responsáveis e de aquicultura sustentável não só assegura a qualidade dos alimentos consumidos como também apoia a preservação dos ecossistemas aquáticos da Amazônia e o bem-estar das comunidades locais.
A Semana Santa, assim, se revela como uma oportunidade para os moradores da Amazônia renovarem suas tradições, reconectando-se com a natureza através do consumo consciente de seus recursos. Este período ressalta a importância de harmonizar práticas culturais e religiosas com escolhas alimentares que beneficiam tanto a saúde individual quanto o meio ambiente.
À medida que celebramos esta época significativa, somos convidados a refletir sobre o papel vital que os rios e sua biodiversidade desempenham em nossa vida. “Que a Semana Santa na Amazônia nos inspire a valorizar os dons da natureza, nutrindo não apenas nossos corpos, mas também nossas almas com as riquezas que fluem de nossas águas.” Este é um momento para agradecer, contemplar e, acima de tudo, celebrar a conexão profunda entre a cultura, a espiritualidade e a natureza que define a vida na região amazônica.
Dr. Swammy Mitozo
Médico Oftalmologista, especialista em Gerontologia e Saúde do Idoso. Pesquisador da FUnATI. Professor Universitário e Mestre em Doenças Tropicais e Infecciosas pela Fundação de Medicina Tropical (UEA/FMT).
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