Uma mulher foi hospitalizada em estado grave, no Rio de Janeiro, após aplicar em casa uma dose de um produto falsificado vendido como Ozempic.
O caso aconteceu na última quinta-feira (17), e a paciente teve alta no dia seguinte. A Polícia Civil toca as investigações, que já mapearam situações semelhantes em Brasília. As informações são do O Globo.
A paciente já fazia uso do remédio com acompanhamento de uma endocrinologista, mas a situação saiu do controle com a aquisição do produto falsificado.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o laboratório Novo Nordisk, que fabrica o Ozempic, foram notificados. O segundo emitiu um comunicado dizendo que “há indícios de que canetas de insulina Fiasp FlexTouch foram readesivadas com rótulos de Ozempic possivelmente retirados indevidamente de canetas originais do medicamento”.
Quadro clínico
A médica Luciana Lopes, coordenadora de endocrinologia do hospital Copa D’Or, onde a mulher foi atendida, informou que a paciente apresentou, de início, sintomas de doença neurológica. Os sinais vieram 15 minutos após ela injetar o medicamento.
“Ela entrou no protocolo de doença neurológica. Não estava desacordada, mas não estava com sensório normal. Quando verificaram a glicemia, estava menor que 20, o que é muito grave. Uma pessoa com glicemia abaixo de 50 a 40 já tem sintomas neurológicos associados, como aconteceu com ela. A paciente foi prontamente medicada com quatro ampolas de glicose, subiu a glicemia para 31, melhorou um pouco, e depois recebeu mais aplicações. Ela foi internada e liberada na manhã seguinte”, explicou a médica.
Luciana afirmou que a profissional que atendeu a paciente já havia tomado conhecimento de casos semelhantes. “A gente não sabia o que tinha nessa caneta que a paciente usou em casa, então a médica da emergência pediu que a família levasse o medicamento até o hospital para averiguar e, claramente, parecia uma caneta de insulina que trocaram o rótulo”, lembrou.
“Quando a gente olha a caneta e a caixa, até a cor está diferente. A caixa é igual, mas a caneta é em um azul mais escuro que a de Ozempic, como uma caneta de insulina. Não podemos garantir porque não analisamos a substância em laboratório, mas cabe uma investigação. A semaglutida, que é a fórmula do Ozempic, não provoca hipoglicemia e os sintomas da paciente eram muito o perfil de quem usa insulina em dose excessiva”, relatou, ainda.
Segundo a Polícia Civil, “o produto utilizado será enviado para a perícia e diligências estão em andamento para esclarecer todos os fatos”.
Confira nota do laboratório na íntegra:
“Nota de esclarecimento sobre falsificação de Ozempic® 1mg
“Novo Nordisk, líder global em saúde, informa que foram identificados casos de falsificação de Ozempic®, principalmente nas cidades do Rio de Janeiro (RJ) e Brasília (DF). Há indícios de que canetas de insulina Fiasp® FlexTouch® foram readesivadas com rótulos de Ozempic® possivelmente retirados indevidamente de canetas originais do medicamento.
A companhia reconhece a gravidade da situação e esclarece que, até o momento, nenhum evento adverso grave foi registrado entre os casos reportados até o momento e que está em contato e colaborando com as autoridades competentes, para contribuir com investigação dos fatos.
A empresa reitera seu compromisso com a segurança dos pacientes e, em função dessa ação criminosa, recomenda que qualquer pessoa que tenha adquirido Ozempic® atente-se aos detalhes da caneta antes da aplicação.
A caneta de Ozempic é de cor azul clara, com o botão de aplicação cinza. Já canetas de Fiasp são azuis escura, com botão laranja.
Para se proteger de casos de falsificação, na hora da compra, desconfie sempre de:
Sites e canais não licenciados pela Anvisa para comercialização de medicamentos e que usam os nomes das marcas e/ou adotam aplicativos de vendas e redes sociais para ofertar os produtos;
Embalagem do medicamento visivelmente alterada, em idioma estrangeiro, com aparência farmacêutica (apresentação) diferente da registrada e com informações incorretas sobre o produto – Ozempic® é vendido apenas em canetas pré-preenchidas injetáveis;
Preços muito abaixo dos aprovados pelo governo (todos os produtos Novo Nordisk seguem a tabela da CMED, órgão federal que regulamenta o preço dos medicamentos no país).
Em caso de dúvidas sobre os pontos de vendas ou mesmo sobre o medicamento adquirido, os pacientes podem acessar o Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) da Novo Nordisk Brasil.”
*Com informações do Diário do Nordeste
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