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Brasil precisa de política industrial perene e de longo prazo, diz Alban 

Ao lado de Lula e Alckmin na abertura do Encontro Nacional da Indústria (ENAI), presidente da CNI alertou para a importância de o país promover a indústria e lutar pela sua competitividade

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, afirmou nesta quarta-feira (27) que o país precisa se unir e promover uma estratégia de política industrial perene e de longo prazo.

“O Brasil é a bola da vez. Não tenho dúvida disso. Nós todos somos os responsáveis por isso e não podemos deixar que esse trem passe”, enfatizou Alban, durante a abertura do 14º Encontro Nacional da Indústria (ENAI), realizado pela CNI em Brasília.  

Ricardo Alban propôs três mensagens à base industrial. “A primeira é que devemos promover a indústria, destacando o papel estratégico que o setor desempenha no processo de desenvolvimento do Brasil”, destacou.

Como segunda mensagem, ele alertou que “precisamos lutar, incansavelmente, pela competitividade da nossa indústria e pela redução do Custo Brasil”.  

Por fim, destacou a importância de um projeto de Estado. “Precisamos nos unir e defender uma estratégia de política industrial de longo prazo, perene, para o Brasil. Nós, da indústria, devemos seguir o exemplo do agro e trabalhar, unidos, para que a nova política de desenvolvimento industrial tenha as mesmas condições e alcance o êxito do Plano Safra”, pontuou o presidente da CNI. 

Ao lado do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, Alban observou que o ENAI busca unir a indústria e o poder público em torno de agendas que possam levar ao desenvolvimento do Brasil. 

“O principal objetivo deste evento é produzir convergências em torno dos temas centrais para o crescimento sustentado do setor produtivo brasileiro”, afirmou.

Segundo Alban, o governo federal tem sido sensível às demandas dos empresários e vem adotando medidas essenciais para o fortalecimento da indústria. Entre elas, a Letra de Crédito de Desenvolvimento, o Programa Brasil Mais Produtivo e o Plano Mover. 

Desindustrialização 

Ricardo Alban lembrou que, entre as décadas de 1950 e 1980, a indústria foi o motor condutor para o crescimento do Brasil.

Em 35 anos, a participação do setor no Produto Interno Bruto (PIB) saltou de 25% para 48%. De lá para cá, no entanto, a indústria perdeu metade da sua participação no PIB.

Não por acaso, nos últimos anos, a economia brasileira apresentou taxas de crescimento inferiores à média mundial, apesar dos significativos avanços da agropecuária e do setor de serviços. 

Atualmente, a indústria nacional responde por 25,5% do PIB, por 66,6% das exportações de bens e serviços e por cerca 70% dos investimentos empresariais em pesquisa e desenvolvimento no país.

O setor também paga salários quase 30% superiores à média nacional para trabalhadores com ensino superior, contribuindo, de forma ímpar, para a geração de riquezas e para o aumento da renda da população. 

Lula demonstra otimismo com crescimento 

O presidente Lula criticou, mais uma vez, a elevada taxa de juros do país, atualmente em 11,25%, e afirmou que os índices de crescimento da economia registrados em seu governo afastam qualquer projeção pessimista.

Ele destacou que a economia real sempre pode ser maior que a economia teórica. “Pouco dinheiro na mão de muitos significa economia mais equânime”, frisou.  

Para Lula, o consumidor é a figura mais importante da economia. “Não é apenas empregado, é consumidor. Eu valorizo muito a microeconomia.

O dinheiro precisa circular na mão de muito mais gente para que possa significar crescimento econômico, distribuição de renda e melhoria da qualidade de vida da população”, defendeu.  

O presidente da República ressaltou, ainda, a importância da indústria para o país. “Se o povo não está bem, o país não está bem. Se a indústria não está produzindo, o país não está bem”, comparou. “O papel do governo é criar condições para que as coisas possam acontecer”, acrescentou. 

O presidente defendeu a produção do agronegócio brasileiro e disse que pretende assinar o Acordo Mercosul-União Europeia ainda este ano. Lula falou, ainda, de vantagens competitivas do país, como a produção de etanol, biodiesel e hidrogênio verde.

“Temos que falar de forma positiva do Brasil. A economia está crescendo, temos o menor nível de desemprego, o maior aumento da massa salarial. Se pensarmos de forma positiva, não há retrocesso nesse país.” 

Indústria contribui para crescimento sustentável do país 

Geraldo Alckmin reiterou o papel da indústria para o crescimento consistente da economia.  “No segundo trimestre, o PIB brasileiro cresceu acima do esperado, 1,4%.

Esse crescimento foi muito impulsionado pela indústria, que cresceu 1,8%. Quando a gente abre [os dados] da indústria, a maior parte foi bens de capital, ou seja, investimento, o que garante que vamos ter um crescimento mais sustentável”, disse.  

Alckmin disse que o governo tem apostado em iniciativas que tornem a indústria mais inovadora, sustentável e competitiva. O vice-presidente também lembrou que a reforma tributária – cuja regulamentação está em discussão no Congresso Nacional – é fundamental para o setor.  

“É uma reforma histórica, aguardada há 40 anos. A indústria brasileira está super tributada. A reforma tributária fará justiça à indústria, estimulando agregação de valor e criação de empregos. Ela simplifica, desonera investimentos e exportações”, pontuou. 

ACT por ambiente de trabalho saudável 

Durante a abertura do evento, a ministra da Saúde, Nísia Trindade; o presidente da CNI, Ricardo Alban; e o presidente do Conselho Nacional do SESI, Fausto Augusto Júnior, assinaram um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) para promover ambiente de trabalho saudável para os funcionários da indústria. 

Lançamento do Observatório do Custo Brasil 

Após a abertura do ENAI, o vice-presidente e ministro do MDIC, Geraldo Alckmin, anunciou o lançamento do Observatório do Custo Brasil. 

A ferramenta estratégica visa acompanhar as políticas públicas para reduzir o custo Brasil, estimado em R$ 1,7 trilhão por ano em despesas como os altos encargos tributários, a burocracia excessiva, a ineficiência logística, entre outros fatores enfrentados por empresas e investidores no Brasil.   

Desenvolvido em parceria entre o MDIC e o Movimento Brasil Competitivo (MBC), o Observatório priorizará inicialmente seis iniciativas estratégicas de diminuição do Custo Brasil: ampliação e diversificação da matriz logística, acesso ao crédito empresarial, expansão do acesso à banda larga, simplificação tributária, abertura do mercado de gás natural e evolução no mercado de energia elétrica.  

*Com informações da assessoria

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