O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), amenizou o tom das críticas feitas ao governo federal e afirmou ter sido mal interpretado ao dizer que o estado estava “sozinho” na megaoperação realizada nos complexos do Alemão e da Penha, que deixou mais de 60 mortos.

“Houve uma leitura errada da minha fala”, explicou o governador. “Eu não pedi ajuda. A pergunta do repórter foi se o governo federal participava da operação, e eu respondi que não. Quando questionaram o motivo, disse que, nas últimas três ocasiões, pedimos blindados e a resposta foi que só poderiam ser cedidos com GLO. Como o presidente é contra a GLO, não fazia sentido pedir novamente”, afirmou Castro.

As declarações do governador provocaram reação em Brasília. O Ministério da Justiça informou que não recebeu nenhum pedido relacionado à operação e destacou que mantém atuação contínua no estado desde outubro de 2023, por meio da Operação Nacional de Segurança Pública. A pasta ressaltou ainda que a Polícia Federal realizou 178 operações no Rio neste ano, sendo 24 delas voltadas ao combate ao tráfico de drogas e armas.

Castro justificou que não houve comunicação prévia com o governo federal sobre a operação desta terça-feira porque já havia a expectativa de uma negativa. “O que a gente precisava era do apoio com blindados. Mas, pelas últimas três experiências, sabíamos que não contaríamos com essa ajuda”, disse.

O governador afirmou também que pretendia conversar com a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, com quem mantém “bom diálogo”, e com o ministro da Casa Civil, Rui Costa.
“Ficamos de nos falar ao fim da noite para entender os próximos passos. Eu não acredito que segurança se faça com politização. Qualquer ajuda do governo federal, dentro das nossas necessidades, será bem-vinda. Antes, terei uma reunião com os secretários de segurança para definir as ações de amanhã [quarta-feira]”, completou.

No fim da tarde, Castro solicitou — e o governo federal autorizou — a transferência de dez chefes de facções do Rio de Janeiro para presídios federais.

A operação, considerada por Castro “a maior da história do estado”, teve como alvo cerca de 100 integrantes do Comando Vermelho. Segundo o governador, a ação foi planejada durante 60 dias, em parceria com o Ministério Público Estadual, e seguiu os preceitos da ADPF 635, que regula operações policiais em comunidades.

O secretário de Segurança Pública, Victor Santos, reforçou que toda a logística foi executada com recursos próprios. “São cerca de 9 milhões de metros quadrados de desordem no Rio de Janeiro. Lamentamos profundamente os feridos, mas é uma ação necessária, planejada, com inteligência, e que vai continuar”, afirmou.

(*) Com informações do g1

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