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Educação

Evasão escolar e cortes: educação no AM enfrenta efeitos da pandemia

Apesar da importância da educação, o Brasil não tem se atentado para a área atingida drasticamente na pandemia, assim como para o professor, profissão central no ensino e celebrada neste sábado (15)

Foto: Divulgação

Manaus – (AM) Ainda que não tenha sido amplamente discutida e ficado ‘de escanteio’ frente a outras pautas como a de costumes ou religiosa durante a corrida eleitoral presidencial, a educação continua sendo uma das áreas centrais para o desenvolvimento do país e do Amazonas, ainda mais após a pandemia.

Ao mesmo tempo, apesar de sua importância, o Brasil não tem se atentado para a área atingida drasticamente na pandemia, assim como para o professor, profissão central no ensino e celebrada neste sábado (15).

Após dois anos de pandemia da covid-19, as demandas por políticas efetivas e direcionadas a educação se tornaram ainda mais alarmantes, visto o cenário em que milhares de alunos precisaram ficar em casa, inclusive, sem acesso aos meios necessários para estudar à longa distância como computadores, tablets ou telefones.

No outro lado das telas, os professores também enfrentaram os desafios do novo ambiente digital, o qual muitos não tinham familiaridade, e precisaram se adaptar. Conforme a presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado do Amazonas, Ana Cristina Rodrigues, o início da volta às aulas foi permeado por incertezas.

“A Valorização profissional é o principal desafio, então se faz necessário que os administradores públicos coloquem educação como prioridade. O Amazonas foi o primeiro a retomar as aulas presenciais e só não voltamos sem a vacinação dos trabalhadores da educação, devido a nossa atuação do Sindicato. Tivemos escolas sem EPI’s para trabalhadores e alunos, infelizmente foi um descaso total”,

disse.

Evasão escolar

Um dos principais efeitos da pandemia na educação no país foi o aumento da evasão escolar. O estudo publicado pelo Fundo das Nações Unidas pela Infância (Unicef) escancara que 2 milhões de crianças e jovens, com idades entre 11 e 19 anos, abandonaram os estudos nos últimos dois anos.

Já os estados que compõe a região da Amazônia Legal também apresentaram dados alarmantes. Conforme o levantamento realizado pelo Projeto Amazônia 2030, os estados que compõe a Amazônia brasileira contam com grandes índices de evasão escolar e de alunos efetivamente matriculados.

Para o administrador público, Flávio Lauria, a desigualdade é um fator determinante para o aumento da evasão no Amazonas. “Sendo o Brasil um dos países mais desiguais do mundo, O Amazonas teve um aumento significativo da evasão escolar pela pandemia, e nossos índices já eram altos”, afirmou.

Baixos índices

Outro impacto da pandemia da covid-19 na educação refletiu nos baixos índices de aprendizagem das crianças e adolescentes. Os resultados do Sistema Nacional de Avaliação de Educação Básica (Saeb) mostraram que a educação no Brasil regrediu cerca de sete anos, voltando aos patamares de 2015.

Os mais afetados, conforme o estudo, são os alunos da primeira fase do ensino fundamental. A partir da avaliação do Seab com alunos do segundo ano do fundamental, foi verificado que a média em leitura e escrita caiu em comparação com o ano de 2019. Há três anos, a média era de 750 e caiu em 2021 para 726. Já em matemática, houve uma diminuição de 6 pontos.

No ensino médio, o Amazonas é o estado com uma das menores médias do país. Em matemática, a média foi a menor, conforme o Saeb, contabilizando 242.8.

 Em relação a maior média registrada na pesquisa que foi no Distrito Federal de 288.9, a diferença é de mais de 40 pontos. O baixo índice também se repete em língua portuguesa. O estudo aponta que a menor média pontuada no Amazonas de 251.7.

Cortes na educação

Diante dos desafios amplificados pela pandemia da covid-19 na área da educação, o Governo Federal tem agido na contramão para recuperar o tempo perdido.

Conforme o estudo do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), os gatos públicos com educação em 2021 chegaram ao menor patamar desde 2012.

Apesar das despesas autorizadas na educação em 2021 serem de R$ 129,8 bilhões, quase R$ 3 bilhões a mais que no ano anterior, que contou com R$ 126,9 bilhões, o uso efetivo do montante do recurso foi de R$ 118,4 bilhões.

Essa quantia de despesa efetiva em 2021 chega próximo ao nível do gasto na educação de 2012, de R$ 121,2 bilhões.

A redução no uso efetivo do recurso na educação coincide com a implementação da regra do teto de gastos em 2017, o qual limita o crescimento das despesas públicas em relação à inflação registrada no ano anterior. A partir de 2017, houve uma redução anual no gasto na educação, com exceção de 2021.

No dia 5 de outubro, as universidades federais receberam um ofício do Ministério da Educação (MEC), o qual anunciou o bloqueio de R$ 2,4 bilhões. O contingenciamento acendeu um alerta nas instituições, visto o histórico de cortes de verbas para as universidades nos últimos quatro anos.

No entanto, após o início de protestos, o governo voltou atrás, mas ainda não avisou quando devolverá o recurso nas contas das instituições de ensino.  Para a presidente do Sinteam, Ana Cristina, os cortes prejudicam o avanço na educação.

“Todo e qualquer corte na educação dificulta o desenvolvimento do Estado. Mas, vale salientar que o corte não atingiu ainda a educação básica e que há dinheiro para investir na educação por parte do Estado e da Prefeitura. Se observarmos os índices educacionais nacionais, infelizmente o Amazonas ocupa os últimos lugares nos últimos anos. Portanto, o avanço que alguns propagam, não reflete nas avaliações nacionais”,

pontuou.

Já o deputado Serafim Corrêa (PSB) destacou que a educação é um pilar essencial para as próximas gerações. Para isso, o investimento é indispensável.

“Sem investimento na educação, nós não temos futuro. Para isso, foi criado o Fundeb, e eu espero e entendo que esse é um programa do estado, no sentido amplo. Espero que todos fação bom uso do dinheiro”, destacou.

Apagão na educação

O interesse dos mais jovens em atuarem na educação como professores tem diminuído no Brasil, ao ponto de possivelmente surgir um ‘apagão na educação’ em 2050 com a falta de trabalhadores para exercerem a profissão no ensino básico. O alerta advém da projeção da Secretaria de Modalidades Especializadas da Educação (Semesp).

Em 10 anos, de 2010 a 2020, houve uma redução de calouros com menos de 29 anos nos cursos de licenciatura. De acordo com a Semesp, as taxas de evasão aumentam com o Ensino a Distância (EAD).

Além disso, uma das razões para o desinteresse de alunos mais jovens na licenciatura são os baixos salários, e as condições precárias de salários. Em média, um professor de ensino médio ganhar R$ 5,4 mil e um do ensino fundamental cerca de R$ 3,8 mil. Para a presidente do Sinteam, Ana Cristina, a solução para o apagão é a valorização profissional.

“O Magistério não é mais uma profissão atraente. Apesar de temos qualificação profissional igual ao de outros profissionais, nossa remuneração fica muito aquém as demais profissões. Só evitaremos esse apagão na educação se a educação virar realmente prioridade para todos os governantes Brasileiros, iniciando pela valorização profissional de todos os Trabalhadores em Educação”, ressaltou.

Ações municipais

Visando amenizar a cadeia de consequências alarmantes para educação, a gestão do prefeito David Almeida tem olhado especialmente para o setor. Reajuste salarial, progressão por tempo de serviço e convocações de aprovados em concurso público e em processo seletivo são algumas das ações que a Prefeitura de Manaus realizou para professores que atuam na Secretaria Municipal de Educação (Semed). Fazem parte da rede municipal de educação mais de 16 mil servidores, destes, 13.791 são professores de sala de aula, que lecionam todos os dias e buscam transformar a vida de mais de 250 mil alunos.

Todos esses benefícios fazem parte do “Plano de Valorização dos Profissionais de Educação”, criado na gestão do prefeito David Almeida, que determina a atualização e o pagamento das Evoluções Funcionais na Carreira dos servidores estatutários Semed. Por meio deste foi possível organizar a vida funcional de aproximadamente 4.500, servidores que aguardavam pela progressão, que acontece por tempo de serviço ou titularidades, referentes a especializações, pós-graduação, mestrado e doutorado.

A secretária de Educação, Dulce Almeida, que também é professora e servidora da Semed há 17 anos, disse conhecer muito bem a realidade dos professores e, portanto, estará sempre lutando pela classe.

“Não é porque hoje estou como secretária de Educação, que vou esquecer das minhas lutas em sala de aula. Estou aqui exatamente para lutar pelos meus colegas de profissão, sei e conheço muito bem as dificuldades que passamos, por isso não meço esforços para dar sempre o melhor para os professores, o que depender de mim e do prefeito David Almeida, nós teremos sempre motivos para comemorar e a valorização vem pelo reajuste no salário, por um local de trabalho digno, é dessa forma que vamos trabalhar. Feliz Dia do Professor!”,

destacou a secretária.

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