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Barroso é xingado e perseguido por bolsonaristas em Santa Catarina

Durante cerca de 20 minutos no local, Barroso foi vaiado, chamado de comunista e xingado de "lixo", "vagabundo" e "ladrão"

Porto Belo (SC) – A PM (Polícia Militar) foi acionada para ajudar o ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), a se afastar de um grupo de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), na última semana, em Porto Belo (SC). Nos arredores da casa em que ele estava hospedado, os manifestantes entoaram palavras de ordem contra a Suprema Corte, cantaram o hino nacional e afirmaram que o ministro não é bem-vindo na vizinhança.

O magistrado havia sido reconhecido enquanto jantava num restaurante da cidade do litoral catarinense. Durante cerca de 20 minutos no local, Barroso foi vaiado, chamado de comunista e xingado de “lixo”, “vagabundo” e “ladrão”.

Segundo a PM, os atos foram realizados de forma “pacífica e ordeira” e “a autoridade deixou o local sem nenhum tipo de conflito mais grave”. O gabinete de Barroso informou que os manifestantes participavam de bloqueios realizados em estradas, em protesto contra a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Quando eles iniciaram protestos do lado de fora do estabelecimento, o ministro preferiu retirar-se para não causar transtornos aos demais clientes do local. A manifestação ameaçava fugir ao controle e tornar-se violenta, tendo a segurança aventado o uso de força policial para dispersar a aglomeração. Diante disso, o ministro, em respeito à vizinhança e para evitar confronto entre polícia e manifestantes, retirou-se do local”,

afirmou o gabinete.

De acordo com o STF, o ministro não chegou a se comunicar com os manifestantes.

“Não houve proximidade física ou agressão. Tampouco houve qualquer registro de dano patrimonial nos locais, que seja de conhecimento do ministro”, afirmou.

Manifestação de Barroso

“A democracia comporta manifestações pacíficas de inconformismo, mas impõe a todos os cidadãos o respeito ao resultado das urnas. O desrespeito às instituições e às pessoas, assim como as ameaças de violência, não fazem bem a nenhuma causa e atrasam o país, que precisa de ordem e paz para progredirmos”.

O Ministério Público de Santa Catarina repudiou o episódio e emitiu nota em que afirma ver com preocupação toda e qualquer manifestação de intolerância.

“O Ministério Público está à postos para auxiliar em todas as providências necessárias, no que é de sua competência, para identificar e responsabilizar os envolvidos”.

Atrito entre Bolsonaro e Barroso

A tensão entre o presidente da República e o ministro do STF começou há pouco mais de um ano, quando governistas no Congresso Nacional tentaram aprovar um projeto de lei em que a deputada federal Bia Kicis (PL-DF) questionava a segurança das urnas eletrônicas e apontava vulnerabilidades no sistema de votação.

Presidido por Barroso à época, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) se manifestou reiteradamente contra a proposição, que não obteve os votos necessários para ser aprovada. Desde então, Bolsonaro tem atacado o posicionamento do ministro, contrário ao voto impresso.

*Com informações do Uol

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