Manaus (AM) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) exonerou, na noite desta segunda-feira (23), todos os coordenadores da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) no Amazonas. As unidades do órgão nos municípios do interior e em Manaus eram chefiadas, em sua maioria, por militares. A desmilitarização da Funai veio após o Governo Federal decretar emergência no território Yanomami.
As mudanças nos cargos da Funai em todo o país foram publicadas no Diário Oficial da União (DOU) com a assinatura do ministro da Casa Civil Rui Costa. Ao todo, 38 nomes foram exonerados, e cinco dispensados, entre os quais, 18 eram militares.
Em Manaus, a coordenadoria da Funai era comanda pelo tenente-coronel Francisco de Souza Castro que também foi exonerado, juntamente com o coordenador do Alto Rio Negro, no município de São Gabriel da Cachoeira, a 852 quilômetros de Manaus, o subtenente Feliciano Borges Neto, e o coordenador do Alto Solimões, no município de Tabatinga, a 1.106 quilômetros da capital, o fuzileiro naval Jorge Gerson Baruf.
Também foi exonerado o coordenador do Médio Purus, no município de Lábrea, a 700 quilômetros de Manaus, Fernando Queiroz de Freitas. Com as mudanças na Funai, o ministro Rui Costa segue com as trocas de assessores comissionados da administração federal, movimento que ficou conhecido como “desbolsonarização”. Segundo ele, isso vai ocorrer em todos os ministérios, independentemente de serem quadros militares ou civis.
“Vocês têm acompanhado, desde que assumimos, um número grande de troca de pessoas, e assim seguirá. E vocês vão ver essas trocas mais intensas a partir do dia 23, quando eu diria que roda a chave no sistema para que os novos ministérios passem a existir nos sistemas eletrônicos e digitais do governo”, afirmou Rui Costa, após reunião no Ministério da Defesa.
Estado de emergência
A exoneração em massa dos cargos da Funai veio logo após o presidente Lula visitar a comunidade Yanomami. Conforme informações do Ministério dos Povos Indígenas, cerca de 500 crianças indígenas do povo Yanomami morreram de contaminação por mercúrio e fome nos últimos quatro anos da gestão Bolsonaro. Os dados do Ministério apontam o garimpo como a causa da situação dos yanomami.
O estado de insegurança e de calamidade da saúde do povo Yanomami já foram denunciados por diversas lideranças indígenas e movimentos sociais. Ao Em Tempo o líder indígena líder Yanomami, Dário Kopenawa, afirmou que a associação Hutukara já realizou denúncias aos órgãos públicos, durante o governo Bolsonaro, para frear o garimpo ilegal nas terras Yanomami.
“Encaminhamos as denúncias para o Ministério Público Federal, ao Exército, à Funai, ao IBAMA, ao Ministério da Justiça e ao Supremo Tribunal Federal. O governo [Bolsonaro] já tinha o conhecimento”,
afirmou.
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