Dois policiais civis do Amazonas, de 45 e 47 anos, foram presos pela Polícia Militar de Roraima por suspeita de envolvimento no sequestro e tortura de um homem, de 43 anos, no município de Caracaraí, localizado ao Sul de Roraima. O caso aconteceu na quarta-feira (8) e foi denunciado pelo irmão da vítima, um policial militar.
A prisão aconteceu na madrugada desta quinta-feira (9), cerca de 8h após o crime, quando uma equipe da PM foi acionada para atender a ocorrência de que dois homens em um veículo haviam cometido os crimes.
Em nota, a Polícia Civil do Amazonas informou que instaurou um processo administrativo para apurar o caso e acrescentou que “não compactua com qualquer desvio de conduta de seus servidores e assegura que todas as transgressões administrativas são apuradas com total independência”.
Durante a ação, os agentes solicitaram que os suspeitos parassem, mas eles tentaram fugir e foram abordados na entrada do município.
Na ocasião, um deles se apresentou como policial civil do Amazonas e afirmou que o delegado da Delegacia Especializada de Roubos e Furtos emitiu uma ordem de missão para apurar um roubo de carga, supostamente minério.
Junto com os suspeitos, os militares se deslocaram até a delegacia para que eles apresentassem a ordem de missão, mas os suspeitos não mostraram. Eles afirmaram ainda que haviam informado a Delegacia Central de Flagrantes em Boa Vista sobre a operação deflagrada em Roraima.
No entanto, questionado sobre o caso, o sub comandante da 2ª Companhia Independente de Polícia Militar de Fronteira (CIPMFron) informou que não estava ciente de nenhuma operação realizada pelos policiais do Amazonas na região.
Com os suspeitos, foram encontradas três armas de fogo, 123 munições, algemas, um canivete, uma granada de efeito moral, carregadores de pistolas e arma de eletrochoque. Devido a denúncia da vítima, os homens foram presos. O caso foi registrado na Delegacia de Polícia de Caracaraí.
Sequestro e tortura
Os crimes aconteceram por volta das 18h dessa quarta-feira (8) na vicinal 3, em Caracaraí. A vítima sofreu algumas lesões nos pulsos e marcas de tapas no peitoral. Além disso, ele sofreu choques na região do tórax.
À Polícia Militar, o pai da vítima relatou que estava trabalhando em um terreno com seu filho quando um carro parou no local e três homens desceram do veículo.
Segundo o relato, os homens se identificaram como policiais civis e um deles perguntou a localização da vicinal 4, pois estaria acontecendo uma briga naquela região. Por conta disso, em uma motocicleta, a vítima acompanhou os homens até o local indicado.
No entanto, quando chegou ao local, ele foi algemado e ameaçado com tapas e choques elétricos. Além disso, os suspeitos afirmaram que incendiariam sua moto se ele não colaborasse.
Durante a ação, os homens questionaram a vítima sobre onde estava seu celular. Ele informou que o aparelho estava em casa e, com isso, um dos homens foi até a residência dele e pegou o celular com a mãe da vítima.
Na ocasião, o homem disse que o carro havia quebrado e que precisava do celular para fazer uma ligação. Após a ação, o suspeito deixou a moto da vítima próximo a um sítio, com a chave ainda na ignição.
Com a vítima, eles seguiram até o município de Iracema para abastecer o veículo. Mas, como não havia combustível no local, se deslocaram para Mucajaí. Em seguida, eles pararam em um “buteco”.
Dentro do carro, a vítima foi pressionada a cerca de alguma informação sobre um caminhão graneleiro que, segundo os suspeitos, foi furtado no último domingo (5) e transportava cassiterita, um metal usado para produzir ligas.
Durante o interrogatório, outros três homens chegaram ao local e informaram que pertenciam ao Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). Na ocasião, eles pegaram o celular da vítima para averiguar se ele estava envolvido no caso ou se tinha informações sobre o paradeiro de um outro homem.
Ao fim da ação, eles liberaram a vítima e, inclusive, lhe deram R$ 60 para que ele pegasse um ônibus rodoviário e retornasse para Caracaraí. Os homens ficaram com o celular da vítima e ameaçaram a família dela caso decidisse procurar a polícia.
*Com informações do g1
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