O Indicador de Inadimplência das Empresas, do Serasa Experian, apontou que, em maio, 6,5 milhões de empresas estavam inadimplentes no país, totalizando R$ 116,2 bilhões em dívidas. Conforme o levantamento, em média, as empresas possuíam, à época, sete compromissos vencidos. Como nos meses anteriores, empresas do setor de Serviços lideram o levantamento, com 54% delas em condição de endividamento, seguidas por companhias do ramo comercial, com 37,1%.
O levantamento mostrou que 89% dos negócios inadimplentes são micro, pequenas e médias empresas, que somam 58 milhões de empreendimentos com dívidas. Outra pesquisa, realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em conjunto com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta que 24% das micro e pequenas empresas estão inadimplentes.
Uma pesquisa nacional do Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo (Simpi) divulgada em maio, por fim, mostrou que 76% dos empreendedores atribuem o endividamento dos seus negócios às altas taxas de juros. A Taxa Selic está fixada, desde agosto do ano passado, em 13,75 %. O valor é o maior desde 2016.
“Historicamente, o Brasil possui taxas de juros altas, o que encarece o crédito e dificulta o pagamento das dívidas”,
explica o advogado especializado em direito bancário Tallisson Souza.
A alta nos juros afeta diretamente empresas que recorrem a empréstimos e financiamentos para adquirir bens e serviços.
De acordo com Souza, os pequenos empresários do país são os mais vulneráveis, pois não contam com grandes investimentos, não possuem reserva de capital, muitas vezes dependem exclusivamente da população local com dificuldades em estabelecer preços competitivos diante da concorrência.
O advogado explica que empresários costumam recorrer a empréstimos para suprir necessidades diárias da empresa quando os gastos básicos já consomem uma parcela significativa da renda obtida. O endividamento dos pequenos negócios no Brasil, neste sentido, pode ser atribuído a diversas causas, como a falta de educação financeira, a ausência de reserva de emergência e má administração financeira, bem como à recorrência a sucessivos empréstimos.
“A maioria dos pequenos empresários recorrem aos empréstimos frente às dificuldades encontradas na gestão do negócio”, diz Souza, que explica que esta é uma medida comum entre empreendedores desta categoria empresarial no sentido de tentar sanar as crises financeiras, o que muitas vezes ocasiona uma “bola de neve”,
resultando em endividamento.
Com efeito, a taxa média praticada por operadoras de cartão de crédito, quando parcelado, subiu de 6,72% ao mês, em junho de 2020, para 9,61%, atualmente. No crédito rotativo, quando é pago o valor mínimo da fatura, a taxa cresceu de 11,97% para 15,22%
Planejamento financeiro
Souza pontua que antes mesmo de pedir um empréstimo, o empreendedor deve estruturar um plano sólido, tanto sobre como o dinheiro será usado quanto de que maneira o crédito será pago. “Uma estratégia de reembolso bem planejada pode ajudar a evitar o acúmulo de dívidas desnecessárias.”
O fluxo de caixa da empresa deve ser acompanhado de perto, explica ele, de modo que seja possível identificar rapidamente quaisquer problemas que possam surgir com o pagamento das dívidas. É importante considerar, também, contudo, ter um fundo de emergência para lidar com momentos de crise.
*Com informações do Estadão
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