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Pneumonia

No início de 2022, pneumonia mata mais pessoas do que Covid-19 no AM

Pneumonia é a que apresenta os maiores números de óbitos, das doenças que afetam o sistema respiratório, entre os meses de janeiro e março de 2022

Foto: Divulgação

Manaus (AM) – As doenças respiratórias são recorrentes no início do ano no Amazonas, sendo a Covid-19 a que mais desperta o temor da população. Porém, de acordo com os dados do Portal da Transparência do Registro Civil, a pneumonia é a que apresenta os maiores números de óbitos – das doenças que afetam o sistema respiratório -, entre os meses de janeiro e março de 2022, ao ponto de ultrapassar os casos de mortes por Covid-19 no estado.

Conforme a pneumologista Ana Clara, os meses iniciais são marcados por um grande volume de chuvas, período onde ocorre o maior número de casos de gripe e outras doenças.

“ É quando ocorre uma alta de pioras clínicas de asma, doença pulmonar crônica obstrutiva ou outras doenças pulmonares crônicas que predispõem um aumento de infecções respiratórias, tipo a pneumonia”,

diz a pneumologista.

Durante os primeiros três meses deste ano, a pneumonia matou 22,26% mais pessoas do que a Covid-19. Das 2,5 mil mortes por doenças respiratórias, cerca de 368 foram vítimas de pneumonia no Amazonas, segundo os dados do Portal da Transparência do Registro Civil. Já as mortes por Covid-19 registradas chegaram a 301. 

O índice de mortes por pneumonia no mês de janeiro de 2022 chegou a 211, enquanto que a taxa de pessoas que perderam a vida por Covid-19 registradas foi de 155. Em março, foram registradas 21 mortes por pneumonia até o dia 10 de março de 2022, e, por Covid-19, apenas três. Fevereiro foi o único mês do ano onde número de óbitos por Covid-19 foi maior do que por pneumonia: 141 e 133, respectivamente.

As mortes por pneumonia já eram uma das maiores entre os óbitos por doenças respiratórias durante o período pré-pandêmico. Segundo os dados do Registro Civil, no primeiro bimestre de 2020 – momento antes dos primeiros casos de Covid-19 no Brasil – houve o registro de 359 mortes por pneumonia, o segundo maior índice de óbitos, atrás apenas de septicemia, com 372 vítimas.

Pneumonia

De acordo com o epidemiologista Jesem Orellana, uma das causas para os números maiores de pessoas vitimadas por pneumonia do que por Covid-19 no Amazonas é uma possível subnotificação, ou seja, óbitos por Covid-19 sendo registrados como pneumonia.

Segundo a pneumologista, para uma pessoa ficar suscetível a uma infecção respiratória como a pneumonia, há uma série de fatores. Um deles é a baixa imunidade que pode acontecer pela infecção de outras doenças e gripes, que levam a diminuição da defesa do organismo.

“Para ter pneumonia, é necessária uma diminuição das defesas do organismo e exposição a bactérias patogênicas, que são microorganismos causadores de infecções respiratórias”,

diz a pneumologista.

A médica também destaca que outra possibilidade para o aparecimento da pneumonia é a infecção por doenças respiratórias, que alteram o tecido pulmonar e, por consequência, causam infecções superpostas. “Quando o paciente tem alguma alteração no tecido pulmonar, essa pode favorecer o aparecimento de infecção pulmonar”, explica a médica.

Pessoas que possuem HIV também estão suscetíveis a desenvolver pneumonia, assim como aquelas que possuem doenças imunológicas como lúpus, artrite reumatoide e pessoas transplantadas e que usam algum medicamento imunossupressor. “É necessário, nesse grupo de pacientes, a vacinação antipneumocócica, que é uma prevenção contra pneumonia”, alerta.

Recuperação

Durante a terceira onda da pandemia da Covid-19 no Amazonas, em janeiro de 2022, o engenheiro civil Diego Martins, de 31 anos, acabou adquirindo pneumonia no município de São Paulo de Olivença (distante a 1.235 quilômetros de Manaus).

Com o quadro de saúde grave e com um dos pulmões prejudicados pela doença, ele iniciou o tratamento no hospital Hospital Robert Paul Backsmann. Porém, dias depois, foi encaminhado para o hospital João Lúcio, na capital amazonense, onde foi detectado com Covid-19.

“Eu passei 21 dias na UTI, entre São Paulo de Olivença e o João Lúcio. Todo dia fazia exames de Covid, porque eu estava com infecções muito altas e com isso eu tinha que fazer mais exames e um deles detectou que eu estava com Covid-19”,

diz Diego.

Os dias de Diego na UTI foram marcados de fortes dores na lombar, nos pulmões, nos rins e também nas costas. Conforme Diego, os sintomas de Covid-19 eram muito parecidos com a pneumonia, pois ambos afetavam o pulmão. “Cheguei a depender de dois cilindros de oxigênio por dia e eu tive que ficar direto no aparelho, tomando uma medicação chamada heparina”, diz.

Hoje em dia, Diego faz tratamento no programa “RespirAR”, do Governo do Amazonas, por meio da Fundação do Amazonas de Alto Rendimento (Faar), o qual promove sessões de fisioterapia pulmonar gratuitamente para pacientes com sequelas de Covid-19.

“Está me ajudando bastante, principalmente em melhorar minha parte respiratória. Também faço tratamento para o fortalecimento muscular, pois fiquei muito tempo em repouso na UTI, então eu tive problemas de força na perna e cheguei a perder os movimentos nas pernas”,

conta.

Para Diego, a sensação, após passar por situações difíceis de muita aflição e, em seguida, superar as duas doenças, é de renascimento.

“É como se você tivesse outra chance de dizer novamente que você ama as pessoas a sua volta. Eu podia não ter aguentado, então, poder rever os familiares, rever os meus amigos e poder dar um abraço neles novamente e falar te amo é como uma nova oportunidade”,

finaliza Diego.

Edição: Leonardo Sena

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