Manaus (AM) – Um médico oncologista, 47, que estava sendo mantido em cativeiro por um grupo de sequestradores, foi resgatado nesta quarta-feira (13) em Manaus, após 13 horas de cárcere. Quatro indivíduos foram presos em flagrante por envolvimento no crime.
Os presos foram identificados como Daniel Alves Monteiro, 19; Odenir Pinheiro de Oliveira, 41; Rodrigo de Carvalho de Souza, conhecido como “Alma”, 29; e Thalys Gabriel da Costa Gama, 21.
Odenir era porteiro do hospital privado no qual a vítima trabalha, e tinha um nível de proximidade com a mesma. Já Rodrigo possui uma ficha extensa de crimes, possuindo, inclusive, um mandado de prisão por homicídio e é alvo de investigações da DEHS por outros sequestros.
O delegado-geral adjunto, Guilherme Torres, parabenizou a excelente ação conjunta deflagrada pelas equipes da DEHS e da Core-AM, que conseguiu identificar o cativeiro onde o médico estava, e fazer a retirada do mesmo do local, a salvo, em menos de 13 horas após o sequestro.
“Esse tipo de atividade policial é arriscada e extrema no ponto de vista operacional, porém temos policiais civis bem capacitados, em especial a equipe valorosa da Core, coordenada pelo delegado Juan Valério. Eles são o grupo de elite da PC-AM com qualificação para atuar em casos desses, que prioriza a retirada da vítima ilesa da situação”,
enfatizou.
Dinâmica do crime
Conforme o delegado Ricardo Cunha, titular da unidade especializada, a vítima foi sequestrada por volta das 21h de terça-feira (12/09), no momento em que estava saindo da unidade hospitalar, localizada no bairro Parque Dez de Novembro, zona centro-sul. O médico foi mantido como refém dos infratores até às 10h de quarta, ocasião em que foi resgatado pelos policiais civis.
“No dia do crime, a vítima foi abordada por quatro indivíduos no pátio do hospital, que o encapuzaram e o colocaram em um veículo. Em paralelo, outras três pessoas pegaram o carro do médico e o levaram para outro local, enquanto os outros criminosos conduziam a vítima para o cativeiro, no bairro Compensa, zona oeste. Horas depois, o veículo do médico foi abandonado, tendo sido recuperado posteriormente”,
disse.
De acordo com o titular, os infratores tentaram, por diversas vezes, efetuar transferências bancárias pelo aparelho celular do médico, no entanto, não obtiveram êxito em razão de transações financeiras serem limitadas à noite por motivos de segurança.
“Então, eles mantiveram a vítima em cárcere ao longo da noite e, pela manhã, eles fizeram contato com os familiares dela para pedir resgate. Inicialmente, eles exigiram o valor de R$ 150 mil para que o médico fosse liberado, e alegaram que o homem estava sendo agredido e, caso a transferência não fosse feita, ele seria morto”,
falou.
Ricardo contou que a equipe policial da DEHS tomou conhecimento do sequestro ainda na noite de terça, por meio do registro de ocorrência formalizado pela família do médico.
“No decorrer dos trâmites investigativos, descobrimos a existência do cativeiro onde a vítima estaria, por meio do Departamento de Inteligência e Polícia Judiciária (DIPJ) da Polícia Civil e, também, da equipe de inteligência da DEHS. Então, comunicamos ao delegado Guilherme Torres, que determinou que a Core fizesse o estudo tático para fazer a extração da vítima da localidade em segurança”,
relatou.
Motivação
Segundo o titular da DEHS, Odenir é apontado como a peça chave da investigação. Ele trabalhava como porteiro na unidade hospitalar onde a vítima atuava e tinha um vínculo de proximidade com o médico, motivo pelo qual sabia como funcionava a rotina do mesmo e repassou as informações para os sequestradores.
Conforme o delegado, Odenir informou que estava devendo R$ 7 mil para o tráfico de drogas da Compensa e, em um determinado dia, foi pedido a ele que entregasse uma vítima para ser roubada, ocasião em que ele apontou o médico como alvo.
“Um ponto importante é que a vítima e o Odenir eram próximos, eles tinham uma troca de amigos, o médico sempre dava carona para o indivíduo até a sua casa. Ele alegou, em depoimento, que sua família estava em risco devido a dívida, por isso foi induzido a praticar os atos. No entanto, ele se torna tão responsável quanto aos demais pelo sequestro, tendo em vista que ele possibilitou o acesso dos infratores à rotina da vítima, e também facilitou a entrada dos criminosos ao estacionamento do hospital onde ficam situados dos carros do médicos, para que eles pudessem fazer a cruel abordagem ao médico”,
disse.
Dinâmica da operação policial
O delegado Juan Valério, coordenador da Core-AM, explicou que, neste caso, o objetivo principal da ação é preservar a vida da vítima. Por isso, foi feito um estudo minucioso em torno do cativeiro para que tudo ocorresse conforme planejado.
“O imóvel fica localizado em um rip rap bastante habitado do bairro Compensa, portanto, seria necessário uma cautela para não gerar nenhum efeito colateral indesejado. Precisávamos chegar no local de maneira furtiva e célere, para não denunciar a nossa chegada, e também fazer a busca rápida pelo imóvel para que a vítima saísse da situação em segurança”,
explicou.
Juan disse que a segunda parte da ação consistia em adentrar na casa sem oferecer qualquer tipo de risco para o médico e evitar ao máximo qualquer disparo, pois os sequestradores geralmente usam a vítima como escudo.
“Conseguimos adentrar rapidamente no local e cessar a ação criminosa com a captura dos infratores. O médico estava em um quarto, amarrado e com os olhos vendados, e tivemos êxito em fazer a extração dele daquele cenário”,
contou.
Juan aproveitou para reforçar que é importante que as pessoas tenham atenção redobrada ao circularem em via pública no período noturno, seja caminhando a pé ou de carro, e, também, em quem está presente no seu dia a dia e conhece a sua rotina.
Procurados
Bruno Brito de Souza, conhecido como “Bruninho”; Emerson Paula Coutinho Júnior, conhecido como “Coutinho”; Marcelo de Souza Azevedo; e Renata Suellen Pereira da Silva, estão sendo procurados por envolvimento na ação criminosa.
Quem tiver informações sobre o paradeiro deles, deve entrar em contato pelo número (92) 98118-9535, disque-denúncia da DEHS, ou pelo 181, da Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP-AM).
*Com informações da assessoria
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