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Justiça

Políticos condenam presença de ‘dama do tráfico do AM’ em reuniões da Justiça

Esposa do líder do Comando Vermelho participou de reuniões em instituições da Justiça sobre direito dos presos

A presença da ‘dama do tráfico amazonense’, Luciane Barbosa Farias, em reuniões com representantes de instituições de justiça repercutiu nas esferas estadual e nacional. Nesta segunda-feira (13), em reação a denúncia feita pelo Estadão, os deputado federais Amom Mandel (Cidadania) e Capitão Alberto Neto (PL), e o deputado estadual Delegado Péricles (PL) solicitaram uma investigação para apurar a relação de Luciane com o Ministério da Justiça (MJ).

Além do Ministério da Justiça, Luciane também esteve em outras instituições, como uma reunião com o Comitê Estadual de Prevenção e Combate à Tortura e a Câmara de Deputados, em Brasília, além de posar em frente ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

O deputado federal Amom Mandel (Cidadania) protocolou um requerimento para criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), com objetivo de investigar o envolvimento de servidores do Ministério da Justiça com membros de facções criminosas.

“A criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito se faz não apenas justificada, mas urgente, a fim de esclarecer os fatos, identificar responsabilidades e salvaguardar a credibilidade das instituições estatais”,

destacou em trecho do documento.

Além disso, enviou um ofício para a procuradora-geral da república, Elizeta de Paiva Ramos, para solicitar uma investigação sobre a visita de Luciane ao Ministério da Justiça, somente.

“A parte mais grave dessas revelações é que não temos como saber o que realmente foi conversado entre a líder do CV amazonense e as quatro autoridades com quem ela encontrou. Além disso, o MJ não tinha como identificar a quem estava permitindo o acesso? Isso é muito sério, porque começamos a desconfiar do trabalho de inteligência no país”,

criticou.

Luciane preside a Associação Instituto Liberdade do Amazonas (ILA), responsável pela luta em favor dos direitos da população prisional. Em seu website, a organização se caracteriza como “porta-voz dos familiares e egressos de dentro e fora do Amazonas”. A presidente publica em suas redes sociais o cronograma de atividades que a associação participa em eventos sobre direitos humanos e encarceramento.

Na reportagem, o Estadão aponta a suposição da Polícia Civil do Amazonas sobre a organização ser uma “fachada” para a atuação do Comando Vermelho (CV).

Em 2012, Luciane casou com Clemilson dos Santos Farias, o ‘Tio Patinhas’, líder do Comando Vermelho no Amazonas. Clemilson cumpre 31 anos de regime fechado em presídio no município de Tefé, enquanto Luciane recorre em liberdade pela sentença de 10 anos. Entre as acusações estão os crimes de lavagem de dinheiro, associação para o tráfico e organização criminosa.

Em sessão da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam), o deputado estadual Delegado Péricles (PL) aponta que Clemilson é um dos maiores traficantes de drogas do estado.

“É lamentável o que nós estamos acompanhando hoje no cenário nacional com relação ao que acontece especialmente na área da Segurança Pública. (…) é preciso, além de continuar acompanhando, reprimir esse tipo de atitude que não pode se repetir”,

declarou.

Em nota, o Ministério da Justiça informou que a Associação Nacional da Advocacia Criminal (Anacrim) foi a requerente da audiência, ou seja, a responsabilidade é exclusiva da entidade e das advogadas dirigentes. Já em postagem nas redes sociais, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), afirmou que não se reuniu com líder e nenhuma pessoa ligada a facções criminosas.

“De modo absurdo, simplesmente inventam a minha presença em uma audiência que não se realizou em meu gabinete. Sobre a audiência, em outro local, sem o meu conhecimento ou presença (…) verificarão que não é o que estão dizendo por conta de vil politicagem”, afirmou.

No documento enviado por Amom, o parlamentar pontua os nomes de supostos servidores envolvidos, sendo eles: o secretário nacional de assuntos legislativos, Elias Vaz; o titular da Secretaria Nacional de Políticas Penas (Senappen), Rafael Velasco Brandani; a titular da Ouvidoria Nacional de Serviços Penais (Onasp), Paula Cristina da Silva Godoy; e, o diretor de Inteligência Penitenciária da Senappen, Sandro Abel Sousa Barradas. Estes servidores estiveram em reunião com Luciane, entre março e maio, de acordo com o documento.

O deputado federal Capitão Alberto Neto (PL) assinou um requerimento em coautoria com outros políticos da direita brasileira. O documento é assinado pelo deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL) e solicita informações ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino.

O caso também se tornou assunto mais comentado na rede social X (Twitter), nesta segunda-feira (13). Os termos “Flávio Dino” e “Comando Vermelho” chegaram ao topo de menções nas tendências do Brasil.

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