Representantes da força-tarefa multiministerial fizeram, na tarde de terça-feira (14), um balanço das ações para atender os 32 brasileiros e familiares palestinos que desembarcaram em Brasília na noite de segunda-feira (13), repatriados da Faixa de Gaza. Recebidos ainda na pista da Base Aérea pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os passageiros da aeronave VC2 da Presidência da República estão recebendo atendimento de saúde, com atualização de vacinas, auxílio de assistentes sociais e psicólogos, emissão de documentos, entre outros.
“Esse processo de repatriação não é simples, não é um processo rápido, não vai acontecer em nenhuma manhã e nenhuma tarde. O Ministério da Justiça e todos os ministérios que integram essa força-tarefa vão acompanhar todos os passos do grupo”,
disse Augusto de Arruda Botelho, secretário Nacional de Justiça do Ministério da Justiça e Segurança Pública
O secretário Nacional de Justiça do Ministério da Justiça e Segurança Pública (Senajus/MJSP), Augusto de Arruda Botelho, que coordena a operação de acolhimento, destacou que o grupo de repatriados foi escutado a respeito das necessidades de cada um. Nenhum dos estrangeiros solicitou status de refugiado. Foram explicadas quais políticas públicas eles podem ter acesso e os procedimentos práticos do acolhimento que encontrarão em São Paulo.
“O principal desse primeiro dia foi esse momento de escuta. Esse grupo passou por momentos extremamente difíceis, numa zona de guerra, tem traumas que precisam ser superados”,
declarou Botelho.
Outra demanda recebida pela secretaria inclui a documentação dos repatriados. Foram emitidos dez documentos de Cadastro de Pessoa Física (CPF) para a inserção dessas pessoas em programas de assistência social do Governo Federal. Foram emitidas também a segunda via de certidão de nascimento, Carteira de Identidade (RG), documentos de estrangeiros e outros documentos que permitam a continuação da regularização migratória.
“Esse processo de repatriação não é simples, não é um processo rápido, não vai acontecer em nenhuma manhã e nenhuma tarde. O Ministério da Justiça e todos os ministérios que integram essa força-tarefa vão acompanhar todos os passos do grupo”,
afirmou o secretário Nacional de Justiça.
SAÚDE
O diretor de Atenção Hospitalar Domiciliar e de Urgência da Secretaria de Atenção Especializada do Ministério da Saúde (MS), Nilton Pereira Júnior, afirmou que a pasta está articulada com todas as secretarias, desde o início da Operação Voltando em Paz, para apoiar a chegada dos repatriados que foram resgatados de Israel, Cisjordânia e Faixa de Gaza.
“Nossa equipe está de plantão desde ontem à tarde, preparando, junto com profissionais de saúde da Força Aérea Brasileira (FAB), todo o acolhimento médico e psicossocial que está sendo realizado com a chegada das pessoas”,
reforçou.
“Esse é o momento para que todos eles que estão apresentando algum sinal psicossocial, sinais esperados pela situação de conflito, pela situação de estresse extremo, sejam avaliados pelos nossos quatro psicólogos que estão aqui, junto com médico e enfermeiros. Nenhum deles necessita de internação, mas precisam de acompanhamento de médio e longo prazo”
declarou Nilton Pereira Júnior, diretor de Atenção Hospitalar Domiciliar e de Urgência da Secretaria de Atenção Especializada do Ministério da Saúde.
Uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), com uma UTI móvel, também acompanhou de perto a operação, mesmo que não tenha sido necessário deslocar nenhuma pessoa em situação grave ou com emergência de saúde.
“Algumas pessoas que apresentavam sinais leves, seja do ponto de vista clínico ou psicológico, foram avaliadas imediatamente por médicos aqui e por médicos pediatras e equipes multiprofissionais aqui ao lado, no hospital da Força Aérea Brasileira (FAB)”,
explicou Nilton.
Alguns dos sintomas e sinais observados nos repatriados incluem dor de cabeça, dores corporais, algum sinal de ansiedade, tristeza e insônia. Não foi constatado nenhum quadro de desnutrição ou desidratação nas crianças que pousaram em Brasília. Sete crianças foram encaminhadas ao hospital, passaram por consultas pediátricas, exames físicos, exames laboratoriais e todas estão em boas condições de saúde.
Alguns dos repatriados foram avaliados, passaram pela consulta médica, exames laboratoriais, exames de imagens e foram liberados ao longo da madrugada e também no período da manhã. Aqueles que passaram por exames receberam alta e estão em repouso para a avaliação psicossocial em grupo, em família e individualmente.
“Esse é o momento para que todos eles que estão apresentando algum sinal psicossocial, sinais esperados pela situação de conflito, pela situação de estresse extremo, sejam avaliados pelos nossos quatro psicólogos que estão aqui, junto com médico e enfermeiros. Nenhum deles necessita de internação, mas precisam de acompanhamento de médio e longo prazo”,
ressaltou.
Os repatriados também estão passando por um processo de atualização de seus cartões de vacinação. Todas as doses do calendário vacinal – BCG, tríplice viral, vacina contra as hepatites, influenza, Covid-19 – estão sendo aplicadas. Nenhum dos repatriados se negou a passar pela imunização.
Algumas crianças ainda estão reagindo aos barulhos emitidos pelas aeronaves que sobrevoam o céu da cidade. “Por isso, nossa equipe está fazendo um trabalho de ludoterapia, montamos aqui uma brinquedoteca, temos jogos educativos, nossa equipe está interagindo com as crianças. Algumas não dormiram a madrugada toda, ficaram brincando, correndo, porque estão em um misto de euforia, de alívio e, ao mesmo tempo, de preocupação, estresse e ansiedade com as perdas e com o afastamento de alguns de seus familiares”, relatou Nilton.
As diferenças culturais e de gênero também são consideradas na hora de designar um profissional para atender cada pessoa. Apenas psicólogos atendem os homens e apenas psicólogas atendem as mulheres. O acompanhamento médico inclui ainda uma antropóloga, um psicólogo de origem síria e psicólogas especialistas em atendimento a desastres – profissionais que atuaram para o Médicos Sem Fronteiras e com experiência em casos de experiências traumáticas.
“Por isso que é importante que, nos próximos 15 dias, a gente avalie muito bem, porque, assim que eles voltem a uma possível normalidade, haja um afastamento da mídia, um afastamento da visibilidade toda, as pessoas vão entrando em uma rotina diferente e vão começando a sentir alguns sinais e sintomas, que são fundamentais para que as equipes psicossociais dos estados, municípios e Governo Federal estejam acompanhando. Em, no mínimo trinta dias, a gente vai ter outra avaliação”,
completou.
OPERAÇÃO CONTINUA
A Operação Voltando em Paz realiza mais um voo da missão de repatriação de brasileiros do Oriente Médio. A aeronave VC-2 (EMBRAER 190), da FAB, tem previsão de decolagem da Base Aérea de Brasília às 10h desta quarta-feira (15), para a Base Aérea de São Paulo, em Guarulhos (SP). A bordo, estarão 26 passageiros repatriados da Faixa de Gaza que voltaram ao Brasil em razão dos conflitos na região.
Uma equipe assistencial vai acompanhar os repatriados no voo de Brasília para Guarulhos e nos ônibus da cidade até o interior de São Paulo. Lá, elas terão acompanhamento psicossocial de 15 a 30 dias e contarão com o apoio de equipes do Ministério da Saúde. Em uma ação intersetorial do Sistema Único de Saúde (SUS), uma articulação com as equipes locais, secretarias estaduais e municipais de Saúde também é feita.
PROGRAMAS SOCIAIS
Regis Spindola, diretor de Proteção Social Especial do Ministério do Desenvolvimento Social, Família e Combate à Fome (MDS), fez um balanço sobre as ações da pasta.
Uma delas é o fornecimento de assistentes sociais e psicólogos para repassar orientações e realizar atendimentos para incluir as famílias na Rede de Serviços Socioassistenciais, que garante acesso ao Programa Bolsa Família, Benefício de Prestação Continuada para pessoas idosas, pessoas com deficiência e que estejam dentro do critério para receber o benefício social.
Os profissionais ainda fazem o encaminhamento daqueles que vão precisar de acolhimento em abrigos. “Toda essa parte do abrigamento o MDS está providenciando, junto com organizações da sociedade civil e com o apoio de estados e municípios para garantir essa proteção”, destacou Regis Spindola.
Cinco famílias – 14 pessoas – serão direcionadas para um abrigo no interior de São Paulo. A unidade recebeu visita prévia da pasta para analisar a infraestrutura, local e condições de habitação das unidades.
O abrigo disponibilizado é um espaço com quartos individuais, cozinha comum e refeitório. Lá os abrigados terão acesso a alimentação, cursos de português, atividades socioeducativas e acompanhamento psicossocial da equipe do Sistema Único de Assistência Social (SUAS).
O MDS também mapeia as demandas das famílias que vieram para ter uma dimensão do destino de cada uma delas e, assim, mobilizar a rede local de assistência social dos municípios e estados que vão recebê-las.
“A gente tem todo o objetivo de dar continuidade a este acompanhamento, que não se encerra na data de hoje, para que a gente possa garantir mais proteção social a todas as famílias que estão aqui presentes”,
finalizou Spindola.
Os esforços contaram também com o apoio das agências internacionais da ONU – Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), Organização Internacional para as Migrações (OIM) e também a Força Nacional do SUS, que apoiaram com a disponibilização de tradutores para facilitar o contato dos agentes do governo com aqueles que não dominam o português.
*Com informações da Governo Federal
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