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Dia das mulheres

Mulheres conquistam cargos de liderança no mercado de trabalho brasileiro

Brasil começa a testemunhar uma mudança significativa na valorização das competências femininas

Manaus (AM) — Em um contexto global onde a desigualdade de gênero ainda persiste, o Brasil começa a testemunhar uma mudança significativa. Recentemente, um levantamento da GrantThorton revelou um progresso notável: 38% dos cargos de liderança e chefia no país são agora ocupados por mulheres, um aumento considerável em relação aos 25% registrados em 2019. Esses números não apenas refletem uma evolução na mentalidade do mercado de trabalho, mas também destacam a crescente valorização das competências femininas.

A tendência ascendente é corroborada pelo Panorama Mulheres 2023, conduzido pelo Talenses Group. O estudo mostra que, em 2023, 17% das pessoas presidentes nas empresas analisadas eram mulheres, em comparação com apenas 8% em 2017. Da mesma forma, nos conselhos de administração, a representação feminina saltou de 10% em 2017 para 21% em 2023, evidenciando um avanço gradual na equidade de gênero no ambiente corporativo.

Embora as mulheres ainda ocupem menos espaço que homens, há “cases” de sucesso a respeito da presença feminina em cargos estratégicos nas empresas. Um exemplo é o do Grupo Sabin, uma das principais empresas de medicina diagnóstica e saúde do país. Fundada pelas bioquímicas Janete Vaz e Sandra Costa, em 1984, a companhia hoje conta com uma mulher à frente da presidência-executiva, a bioquímica Lídia Abdalla. 

Além disso, 77,14% do quadro de colaboradores é composto por mulheres. Já 74,76% dos cargos de liderança são ocupados por elas, quase o dobro do percentual observado pela GrantThorton no país (38%). 

Para Lídia Abdalla, o aumento da representatividade feminina no mercado de trabalho, especialmente em cargos estratégicos, demonstra a busca por equidade nas companhias. “Esses dados refletem não apenas o talento e a capacidade das mulheres, mas também um passo significativo em direção à igualdade de gênero no mundo corporativo”, diz ela, que começou no Sabin como trainee antes de ascender à diretoria-executiva, há dez anos.

Desafios

As conquistas alcançadas até o momento, são motivo de celebração e reconhecimento do progresso que foi feito em direção à igualdade de oportunidades no ambiente corporativo.  No entanto, ainda existem desafios a serem superados.

Diretora-presidente e uma das fundadoras do Centro de Ensino Técnico (Centec), em Manaus, Eliana Cássia de Souza começou a empreender na área educacional em 1991, há mais de 30 anos. Ela diz que os principais desafios no início giravam em torno da dificuldade para conciliar a rotina como empresária, mãe e esposa. Uma realidade vivida por muitas mulheres ainda hoje.

“As mulheres ocupam cada vez mais lugares na área da gestão, trabalhando oito horas por dia fora de casa, e depois precisam gerir seu lar, cuidar dos filhos, por exemplo. Esse foi o meu maior desafio, conciliar todos esses papéis. Ainda não temos uma divisão justa nas tarefas domésticas entre homens e mulheres e isso acaba pesando para o nosso lado”,

avalia.

Além de Eliana, ocupam os principais cargos da escola a também diretora-presidente Juliana Nakano e a diretora-geral, Driele Cazumba. “Posso dizer que as maiores habilidades das mulheres estão nas competências comportamentais, sendo algo muito buscado pelo mercado. Estou falando da inteligência emocional, empatia, do foco em resultados e atitude colaborativa, dentre outras habilidades”, comenta.

Capacitação

Além de se destacarem em habilidades comportamentais, as mulheres costumam ter mais estudos em comparação aos homens. A Pesquisa Profissionais 2019, da consultoria Catho, revelou que 30% das mulheres possuem nível superior e pós-graduação. Já os homens são 24%. Apesar disso, elas chegam a ganhar até 52% a menos que eles, ainda que exerçam a mesma função. 

Gerente de compras do Grupo Tapajós, empresa líder do setor farmacêutico na região Norte, Gisselli Warpuchank fala sobre o orgulho de ocupar o espaço e ressalta a importância de as mulheres buscarem qualificação.

“Estar nessa posição é, ao mesmo tempo, um orgulho e um desafio. O grande diferencial é ter a experiência e o conhecimento na posição que exerce. Diante disto, o seu profissionalismo derruba qualquer barreira”,

afirma Gisselli.

A empresa em que trabalha também foge do padrão brasileiro quando se trata da presença feminina em espaços estratégicos. Dados do setor de Recursos Humanos do Grupo Tapajós revelam que mais da metade (57,44%) do quadro funcional é composto por mulheres. Quando se olha para as posições de chefia, elas vão ainda mais longe: são 68,87% das lideranças.

Estudos já apontam que a atenção à equidade de gênero poderia não só beneficiar as mulheres, como também impactar positivamente a produção das empresas. Segundo um relatório do instituto McKinsey, uma consultoria global, até US$ 12 trilhões podem ser adicionados ao Produto Interno Bruto (PIB) mundial, até 2025, com o avanço da igualdade entre homens e mulheres.

*Com informações da assessoria

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