O glaucoma é frequentemente descrito como uma doença traiçoeira, e com razão. Esta condição ocular, caracterizada pelo aumento da pressão intraocular que pode danificar o nervo óptico, é uma das principais causas de cegueira irreversível no mundo. O aspecto mais alarmante do glaucoma é sua natureza insidiosa: muitas vezes, a doença avança sem sintomas notáveis até que a perda de visão ocorra.
Este problema de saúde pública é de particular importância no Brasil, onde casos de glaucoma continuam a crescer, exacerbados por fatores como envelhecimento da população, falta de conscientização e diagnóstico tardio. Em 2024, os esforços para combater o glaucoma têm se intensificado, mas ainda há um longo caminho a percorrer na educação e no acesso ao tratamento para os afetados.
O glaucoma pode se manifestar de várias formas, sendo os tipos mais comuns o glaucoma de ângulo aberto e o de ângulo fechado. O primeiro é particularmente traiçoeiro, pois progride lentamente e, muitas vezes, sem dor, levando a uma perda gradual da visão periférica que pode passar despercebida até que o dano seja significativo. Por outro lado, o glaucoma de ângulo fechado pode apresentar sintomas agudos e dolorosos, exigindo atenção médica imediata.
A detecção precoce é fundamental na gestão do glaucoma, uma vez que o dano ao nervo óptico é irreversível. Exames oftalmológicos regulares são essenciais, especialmente para aqueles com mais de 40 anos ou com histórico familiar da doença. Durante estes exames, medidas da pressão intraocular e avaliações do nervo óptico podem ajudar a identificar a doença em seus estágios iniciais.
O tratamento do glaucoma visa principalmente reduzir a pressão intraocular para prevenir danos futuros. Embora não exista cura, medicações em forma de colírios, terapias a laser e cirurgias podem controlar a progressão da doença e preservar a visão restante. A adesão ao tratamento é crucial; no entanto, muitos pacientes enfrentam desafios, desde o custo dos medicamentos até a complexidade dos regimes de tratamento.
Além do desafio médico, o glaucoma apresenta um ônus emocional e social significativo para os afetados. A perda de visão pode impactar a independência, a qualidade de vida e a saúde mental, tornando o suporte psicossocial uma parte integral do manejo da doença.
No contexto brasileiro, é urgente que as políticas de saúde pública abordem o glaucoma de maneira holística. Isso inclui a promoção de campanhas de conscientização, melhorando o acesso a exames oftalmológicos regulares e tratamentos, e oferecendo suporte aos pacientes e suas famílias.
À medida que 2024 avança, o glaucoma permanece uma prioridade na saúde pública do Brasil. A luta contra essa doença traiçoeira é uma jornada coletiva que requer a união de pacientes, profissionais de saúde, formuladores de políticas e a comunidade em geral. O glaucoma pode ser uma ameaça silenciosa, mas com ações conscientes e coordenadas, podemos mitigar seu impacto e proteger a visão de nossa população.
Encerrando com uma nota de esperança, lembremo-nos: a informação é a maior aliada na luta contra o glaucoma. Conhecimento, prevenção e tratamento são as chaves para enfrentar essa doença ocular e preservar a visão, iluminando o caminho para um futuro claro e seguro.
Dr. Swammy Mitozo – Médico Oftalmologista, especialista em Gerontologia e Saúde do Idoso. Pesquisador da FUnATI. Mestre em Doenças Tropicais e Infecciosas pela Fundação de Medicina Tropical (UEA/FMT)
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