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Representatividade

Manaus tem primeira pré-candidata não binária na disputa para Câmara Municipal

Ativista pelos direitos humanos, Álex Sousa é pré-candidata à vereadora pelo PSOL

Foto: Divulgação

Manaus (AM) — O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) oficializou, no último dia 11, a pré-candidatura de Álex Sousa, ativista não binária que disputará uma vaga na Câmara Municipal de Manaus (CMM). Sendo a primeira pessoa com a identidade de gênero indicada, ela é ativista e defende os direitos de trabalhadores, LGBTQIAPN+, jovens, indígenas, negros/es/as e todos os que são empurrados a marginalidade social.

Em entrevista ao Em Tempo, a ativista contou que, apesar de estar inserida na comunidade LGBTQIAPN+, ela levará adiante os problemas diários que Manaus enfrenta, principalmente a população mais carente.

“Sou um corpo LGBTQIAPN, um corpo transsexual, mas acima de tudo sou manauara, da Zona Norte, de periferia. Eu pretendo romper as expectativas que as pessoas tem de corpos LGBTQIAPN+ na política. Isso significa que não levantarei as bandeiras da minha comunidade? Não. Mas significa que como cidadã manauara, sou capaz, sim, de falar de saúde, de educação, de combate a fome, de infraestrutura que falta nas periferias de Manaus, de falta de investimento na cultura sem que fique preso na Zona Sul da cidade, falar de segurança pública e como tirar as nossas crianças e jovens do mundo obscuro do tráfico sem cair na falsa ideia que punitivismo é a solução. Todo vereador que se preze, precisa saber um pouco de tudo, e comigo não será diferente”,

afirmou.

Para chegar até o lançamento oficial de pré-candidatura à CMM, Álex percorreu um longo caminho até tomar a decisão. O ponto de partida veio com o resultado das eleições presidenciais que elegeu Jair Bolsonaro em 2018.

“Eu particularmente sempre tive interesse em política e isso se intensificou a partir do momento que tive mais contato com lutas sociais, e quanto houve a eleição do ex-presidente Bolsonaro e todas as complicações que aquele governo demonstrou com o tempo, foi quando de fato percebi ser a hora de entrar na política instituição. Em meados de 2020, após a eleição, e ao observar o PSOL, a sua atuação, as suas bandeiras de lutas e notar que este partido está alinhado aos meus ideais de sociedade, ali iniciei minha militância partidário”,

relatou a ativista.

Cenário municipal

Para Álex Souza, falta representatividade e renovação na Câmara Municipal de Manaus. A candidatura é uma alternativa de chamar atenção para a luta de classes e encorajar novos rostos a mudar a história da política local.

“Sempre notei que a nossa Câmara Municipal tem baixa produção de políticas públicas efetivas, e sempre é uma troca de cadeiras com as mesmas pessoas, falta jovem, falta LGBTs, falta gente da periferia. A falta de representatividade me leva a querer disputar este espaço. Manaus precisa passar por uma transformação e, colocando gente como a gente, isso será possível. Acredito que minha pré-candidatura enquanto uma pessoa trans não-binária querendo ou não vai chamar atenção. Quando um corpo LGBTQIAPN+ anuncia que estará no pleito, o que se espera é que aquela pessoa fique limitada apenas as pautas LGBT. Quero justamente quero quebrar esta perspectiva”,

revelou a pré-candidata.

Confiante no poder da mobilização, Álex conta possuir estratégias reais para a cidade de Manaus, que consiste em um mandato participativo. Para ela, a política conjunta é a melhor alternativa para dar voz às minorias que aguardam serem representadas por alguém que entenda suas deficiências.

“Meu principal objetivo é criar uma nova forma de mandato participativo, essas duas palavras estão na bocas de muitos, mas raramente está, de fato, nas ruas. Eu particularmente nunca acreditei que 41 vereadores são suficientes para atender as demandas de uma cidade de 2 milhões de habitantes, são as limitações da nossa democracia. Construir uma política de participação ativa deveria ser um requisito, é necessário que façamos um movimento inverso, de levar o debate público para as periferias, ouvindo a base de verdade, sem esperar sentado que a população se desloque sempre para as nossas instâncias. Política precisa ser mais acessível, compreensível e principalmente: transformadora. Esse será meu maior objetivo como vereadora”,

finalizou.

Não-binário

O termo não-binário refere-se às pessoas que não se percebem como pertencentes a um gênero exclusivamente. Isso significa que a identidade de gênero e expressão de gênero não são limitadas ao masculino e feminino.

Também chamadas de genderqueer, as pessoas que se consideram não-binárias podem não se reconhecer com a identidade de gênero de homem ou mulher — ausência de gênero — ou podem se caracterizar como uma mistura entre os dois. Ou seja, apesar de possuir os órgãos genitais de determinado sexo, não se reconhecem totalmente com esse gênero.

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