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Seca 2024

Empresas de navegação vão cobrar até R$ 32 mil por contêiner durante estiagem no Amazonas

Empresas se manifestaram sobre o valor que cobrarão durante o período de seca no AM

Manaus (AM) — As empresas de navegação do Amazonas irão cobrar uma taxa a mais por contêiner durante à estiagem, que afetará o Estado nos próximos meses. A “taxa de pouca água” inclui um acréscimo que pode chegar a US$ 5,9 mil — aproximadamente R$ 32,2 mil. O acréscimo deve começar a ser cobrado a partir de agosto.

O valor foi criticado pelo secretário de Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Serafim Corrêa, que classificou como “absurdo” o comportamento das companhias.

“É previsto para a próxima sexta-feira (5), a abertura dos envelopes da dragagem dos dois pontos críticos, que são a enseada do Madeira e da costa do Tabocal. Para a surpresa de todos, anteontem, a operadora de navegação MSC distribuiu um comunicado informando que cobrará uma taxa de “pouca água” de 5 mil dólares por contêiner, a partir de 1° de agosto, e hoje a Maesrk fez a mesma coisa, só que cobrando 5.900 dólares por contêiner”,

destacou Corrêa durante reunião do Conselho de Administração da Suframa (CAS).

Entre as empresas que fazem o transporte de contêineres, a Aliança Navegação e Logística cobrará R$ 15 mil por contêiner a partir do dia 1º de setembro. A MSC, que foi citada por Serafim, cobrará US$ 5 mil (R$ 27,3 mil) já a partir deste mês de agosto. A Maersk cobrará a maior taxa, até o momento: US$ 5,9 mil (R$ 32,2 mil), também a partir de agosto.

Segundo Serafim, o comportamento das empresas comprometem o pleno funcionamento da Zona Franca de Manaus (ZFM). “Antes, o frete que era 3.500 dólares passaram para 11.500 dólares e agora com mais US$ 5, o frete por contêiner passa a ser 16.500 dólares. Ora, um contêiner, e média, o custo da mercadora são 45 mil dólares, 16.500 de frete, isso equivale em torno de 40%, o que é um absurdo! Isso derruba todos os incentivos fiscais da Zona Franca de Manaus”, relatou o secretário.

Para ele, as empresas estão se aproveitando do momento delicado para lucrar. Além de Serafim, o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Antônio Silva, também repudiou a atitude das empresas, afirmando que essa nova taxa está preocupando os produtores.

Estratégias

Para diminuir os impactos da seca, os órgãos públicos do Amazonas e portos privados estão firmando uma parceria que busca minimizar os impactos da estiagem deste ano. Para o vice-governador Tadeu de Souza, a interlocução com o setor privado é fundamental para evitar prejuízos ao bem-estar da população e à atividade econômica.

“O Governo do Amazonas, na pessoa do governador Wilson Lima, trata o tema estiagem desde o ano passado como se ela não tivesse terminado. Portanto, essa cooperação é primordial e uma demonstração de alinhamento do Estado com a sociedade civil organizada, com o ambiente privado, com os atores que investem na Amazônia a longo prazo”,

apontou Tadeu de Souza.

Por articulação do governador Wilson Lima junto ao Governo Federal, estão em andamento editais para contratação dos serviços de dragagem de trechos dos rios Amazonas e Solimões. Serão investidos R$ 505 milhões em obras para assegurar a capacidade de navegação dos rios, essencial no transporte de pessoas e escoamento de mercadorias.

Alternativas

Dois portos privados vão instalar píer provisórios para minimizar os impactos da seca no Estado. O Super Terminais planeja iniciar, no mês de setembro, em Itacoatiara (a 176 quilômetros de Manaus), a instalação de um porto e um píer flutuante numa área de 300 mil metros quadrados, de propriedade da empresa, situada na margem esquerda do rio Amazonas.

A operação terá como foco o transbordo de contêineres que atendem ao Polo Industrial de Manaus (PIM) e ao comércio local. Segundo o diretor da empresa, a previsão é de funcionamento por 24 horas até dezembro deste ano ou até a normalização do calado (distância da lâmina d’água até a quilha da embarcação) do rio.

“Não estamos poupando recursos para continuar alimentando as fábricas, as linhas de produção da Zona Franca de Manaus. Na segunda quinzena de setembro, estaremos em Itacoatiara, prontos para receber os navios e enfrentar essa estiagem”,

aponta o diretor.

Já o Grupo Chibatão planeja a instalação de outro píer provisório no rio Amazonas, na Enseada do Madeira, para atracação de navios. A ideia é eliminar a necessidade de retorno das embarcações por conta do baixo nível das águas, possibilitando o transbordo da carga de navios para balsas.

“É muito importante essa unidade entre a iniciativa privada e o poder público, porque só assim nós poderemos minimizar os efeitos de uma possível estiagem”, afirma o secretário Serafim Corrêa.

O presidente da Eletros, entidade de classe que representa as 34 maiores indústrias eletroeletrônicas e eletrodomésticas do país, disse que a parceria entre os entes público e privado é vital para evitar que se repita o cenário negativo provocado pela estiagem de 2023, quando a indústria local teve prejuízo calculado em mais de R$ 1 bilhão.

“O nosso setor sentiu muito o que aconteceu no ano passado. Agradeço ao Governo do Estado, em nome do vice-governador Tadeu e do secretário Serafim, por todo o esforço para preservar os investimentos e os empregos do PIM”, argumentou José Jorge Júnior.

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