O rio Madeira, em Porto Velho, mediu 2,07 metros, o nível é o mais baixo já registrado para essa época do ano desde que os dados começaram a ser coletados, em 1967. Já na parte amazonense do Madeira, o nível chegou a 9,83 metros, cerca de 5,50 metros mais baixo que no mesmo dia do ano passado.
Os níveis do Madeira já preocupam, pois em 2023 a região foi atingida pela maior estiagem da história. Agora, que o período mais seco nem começou, as medições estão muito abaixo dos níveis registrados em anos anteriores.
O rio serve como importante hidrovia usada para transporte fluvial de carga e passageiros. O trecho navegável de 1.060 quilômetros entre Porto Velho e Itacoatiara (distante 175 quilômetros de Manaus) transportou 6.538.079 toneladas em 2022, o que corresponde a 9,2% do total transportado por vias interiores no Brasil.
Ao se aproximar da cota dos 2 metros, em Porto Velho, os dados indicam a gravidade do cenário. No dia 6 de outubro de 2023, segundo o Serviço Geológico do Brasil (SGB), foi registrada a cota mais baixa da história do rio Madeira: 1,10 m.
Bacia do rio Amazonas
No último dia 30 de julho, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) declarou situação de Escassez Quantitativa de Recursos Hídricos nos rios Madeira e Purus e seus afluentes, que correm no sudoeste do Amazonas. Uma semana antes, o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) reconhecera situação de emergência na capital e em mais 17 cidades do estado que enfrentam a seca severa.
De acordo com Marcus Suassuna, engenheiro hidrólogo do SGB e responsável pelo monitoramento da Bacia do rio Madeira, a situação também é crítica nas bacias dos rios Acre e Tapajós, o que pode gerar consequências em outros estados da região amazônica como Acre, Pará e Amazonas.
Anormalidade
Marcus Suassuna informa que, para o mês de agosto, a média histórica é de aproximadamente 5,3 metros, ou seja, a situação atual é de mais de três metros abaixo do nível considerado normal.
“O fator principal é a chuva abaixo da média. Há uma anomalia de chuva significativa sobre toda a Bacia Amazônica”, explicou à Agência Brasil.
Segundo Suassuna, a estiagem não é inédita este ano e é causada por fatores como o aquecimento do Oceano Atlântico Norte e o Fenômeno El Niño. Dos seis períodos mais críticos, cinco foram nos últimos anos.
“A estação chuvosa inteira foi muito ruim, o que fez com que a seca no ano passado se prolongasse. Em consequência, o nível do Rio Madeira começou a subir muito tarde e de maneira muito fraca”, disse.
Em relação às mudanças climáticas, o especialista diz que fenômenos como o El Niño mostram sinais mais evidentes em um planeta mais quente, como tem sido constatado recentemente.
*Com informações da Agência Brasil
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