Um estudo divulgado na revista científica Plos One revelou que Manaus é a 9ª cidade com mais registros de mortes excessivas relacionadas ao calor no Brasil.
O material revelou que de 2000 a 2018, cerca de 48 mil brasileiros morreram devido ao aumento brusco da temperatura, um número superior ao de ocorrências de mortes por deslizamentos de terra, por exemplo.
Após anos da análise, a situação ainda é a mesma e a cidade registra altas temperaturas, principalmente durante o verão amazônico. A capital amazonense bateu recorde de temperatura anual no último mês, quando registrou 38,4ºC.
De acordo com a meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), Andrea Ramos, a tendência é que a temperatura continue aumentando devido aos extremos climáticos, transformando a situação em “um novo normal”
“Segundo a Organização Metrológica Mundial (OMM), independente das pessoas acreditarem ou não em mudanças climáticas, nós temos dois efeitos que estão acontecendo nas últimas décadas, que é o aumento gradual da temperatura média do global, e, além disso, aumento dos extremos, que eles estão cada vez ficando mais frequentes e intensos. É uma situação que eu acredito que é o nosso novo normal”, explicou a especialista.
O aumento da temperatura implica com a saúde da população, principalmente daqueles que estão mais vulneráveis às mudanças climáticas.
As vítimas
De acordo com o ranking do estudo, o primeiro lugar é ocupado pela cidade de São Paulo, com 14.850 mortes; em segundo lugar, Rio de Janeiro (9.641), em terceiro, Belém (5.429), em quarto, Porto Alegre (3.810), em quinto, Belo Horizonte (3,263), em sexto, Recife (2.419), em sétimo, Goiânia (1,776), em oitavo, Fortaleza (1,735), e em nono lugar, a capital amazonense, com 1.585 mortes.
Entre as vítimas, os grupos mais vulneráveis são idosos, mulheres, pretos, pardos e pessoas menos escolarizadas. Esse calor excessivo acentua, ainda mais, as doenças que acometem a população, como problemas circulatórios, doenças respiratórias e condições crônicas agravadas pelo clima.
Outro fator que contribui para este cenário é o fenômeno El Niño. Durante os meses de setembro, outubro e novembro, o clima na capital fica seco, e quando a chuva chega na região, é sempre em forma de pancadas.
“A umidade em Manaus sempre foi em torno de 50 – 55, houve dias que chegou a 35, que é raro, uma coisa que a gente vê mais na parte central do país e se observou na região Norte, na região do Amazonas, pessoalmente atingindo também Manaus, e a tendência é esse calor, essa secura. Quando vem a chuva, ela vem de uma forma tão forte que vem com a característica de pancada, com trovoadas, rajadas de vento e até a possibilidade de queda de granizo”, pontuou Andrea Ramos.
O estudo
O material é fruto do trabalho de 12 pesquisadores de sete universidades e instituições do Brasil e de Portugal, como a Universidade de Lisboa e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no periódico científico Plos One.
O levantamento analisou dados das 14 cidades metropolitanas mais populosas do Brasil, onde vive 35% da população nacional, um total de 74 milhões de brasileiros.
Foram analisadas as cidade de Manaus, Belém, Fortaleza, Salvador, Recife, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, Goiânia, Cuiabá e Distrito Federal.
Por meio do estudo, os pesquisadores também concluíram que as ondas de calor também estão cada vez mais prolongadas. Nas décadas de 1970 e 1980, por exemplo, esses fenômenos adversos duravam de três a cinco dias. Já entre 2000 e 2010, ele duraram de quatro e seis dias.
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