Com a chegada do período chuvoso, aumentam os riscos de diversas doenças, especialmente aquelas relacionadas à umidade, água contaminada e à proliferação de mosquitos.
Para ajudar a população a se proteger, os médicos Amanda Kawati e Israel Reis, professores da Afya Faculdade de Ciências Médicas de Itacoatiara e de Manacapuru, respectivamente, explicam quais são as principais doenças que surgem nesse período e como preveni-las.
Especialista em Medicina de Família e Comunidade, Amanda Kawati ressalta que as doenças respiratórias, como gripes e resfriados, se tornam mais comuns no período de chuvas, devido à umidade e às variações de temperatura.
Além disso, doenças infecciosas, como leptospirose, hepatite A e febre tifoide, podem ser contraídas por meio do contato com água contaminada, seja por esgoto ou acúmulo de resíduos. Outro grande risco, diz ela, é a proliferação do mosquito Aedes aegypti, que se reproduz em água parada e é responsável por doenças como dengue, Zika e Chikungunya.
O médico Israel Reis complementa que, além dessas doenças, o aumento das chuvas pode elevar o número de casos de malária, uma doença endêmica na região, especialmente em áreas próximas a matas e leitos de rios e igarapés. Ele também destaca que a leptospirose, transmitida por roedores e associada ao acúmulo de lixo e áreas alagadas, pode se tornar mais comum nessa época.
“As infecções respiratórias também aumentam, afetando principalmente pessoas com a saúde fragilizada ou com comorbidades, como idosos e imunocomprometidos”, afirma o médico, que também é especialista em Medicina de Família e Comunidade.
Sintomas das doenças
De acordo com Amanda Kawati, os sintomas das doenças mais comuns, mas geralmente começam com febre, dor no corpo e cansaço. As doenças respiratórias causam tosse, dor de garganta e coriza, enquanto as infecciosas, como leptospirose e hepatite A, podem provocar dor abdominal, diarreia e manchas na pele. Já as doenças transmitidas por mosquitos, como dengue, Zika e Chikungunya, geralmente se manifestam com febre alta, dores de cabeça e nas articulações, e, em alguns casos, manchas na pele.
Israel Reis acrescenta que, de maneira geral, a febre é um sintoma comum em muitas dessas doenças, acompanhada de cefaleia (dor de cabeça), náuseas, vômitos e diarreia.
“Em qualquer quadro de febre, é essencial procurar atendimento médico. Muitas dessas doenças começam com sintomas parecidos, por isso, um diagnóstico precoce é fundamental”, alerta o médico.
Prevenção
Para prevenir as doenças comuns no período chuvoso, ambos os médicos destacam a importância de cuidados simples, mas eficazes. Amanda recomenda evitar o contato com águas contaminadas, manter os alimentos bem higienizados e eliminar focos de água parada, que são propícios à proliferação do mosquito Aedes aegypti.
Além disso, é essencial garantir que os ambientes domésticos estejam bem ventilados e livres de umidade excessiva. O uso de repelentes e inseticidas, especialmente em áreas de risco, também é uma medida preventiva importante.
Israel Reis reforça a importância de uma vida saudável para fortalecer a imunidade, o que pode ajudar a prevenir diversas doenças. “Manter uma alimentação balanceada, praticar atividades físicas e reduzir o estresse são medidas que melhoram a resposta do corpo a infecções”, recomenda.
Além disso, ele sugere evitar áreas alagadas e o uso de repelente, especialmente em áreas rurais e perto de matas, lagos e rios, onde o risco de doenças como malária é maior.
Quando buscar ajuda médica
Ambos os médicos concordam que, diante de sintomas como febre, dor no corpo, dor de cabeça e manchas na pele, é fundamental procurar atendimento médico imediato. Amanda Kawati destaca que, no caso da dengue, o uso de medicamentos como anti-inflamatórios pode agravar o quadro e, por isso, a orientação médica é imprescindível. A demora em buscar ajuda pode ser perigosa, especialmente em casos de dengue hemorrágica, malária ou leptospirose, que requerem acompanhamento médico rigoroso.
Crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas, como asma, diabetes e hipertensão, são mais vulneráveis durante o período chuvoso e precisam redobrar os cuidados.
“Esses grupos têm maior risco de complicações e devem evitar a exposição a focos de doenças, como água contaminada ou picadas de mosquitos”, alerta Amanda Kawati. Israel Reis também chama atenção para os riscos em pessoas com doenças crônicas e imunocomprometidas, que precisam de cuidados ainda mais intensivos nesse período.
Segundo Amanda Kawati, um erro comum é a automedicação, que pode mascarar os sintomas e agravar as doenças.
“Muitas pessoas não sabem que o uso de vinagre ou bicarbonato não elimina as bactérias e vírus presentes nas frutas e verduras. O mais seguro é usar hipoclorito de sódio diluído em água”, explica. Outra falha comum é o descarte inadequado de lixo, que favorece o acúmulo de água e cria focos de mosquitos.
Israel Reis alerta sobre a confiança excessiva em tratamentos caseiros e na ideia, por exemplo, de que a malária ou dengue não são graves. “Muitas pessoas que já tiveram malária, por exemplo, não se preocupam tanto com os sintomas, mas cada caso tem seus riscos”, observa. Ele também observa a importância de buscar ajuda médica logo nos primeiros sintomas, pois o tratamento precoce pode evitar complicações graves.
Embora o período chuvoso traga riscos à saúde, com as precauções adequadas, é possível reduzir significativamente as chances de contrair doenças. Ambos os médicos reforçam que, com atitudes simples, como evitar a água contaminada, manter a casa limpa e ventilada, e procurar ajuda médica ao primeiro sinal de sintoma, é possível atravessar a estação chuvosa com mais segurança e saúde.
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