* Por Juscelino Taketomi
Podemos dizer que, em certo sentido, o recente lançamento do Plano Estadual de Desenvolvimento e Integração pelo Governo Federal trouxe um sopro de esperança para a região amazônica, especialmente para os estados da Faixa de Fronteira — Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima.
O plano, apresentado pelo presidente Lula e pela ministra Marina Silva como um marco na promoção da bioeconomia e da economia verde, promete criar um “escudo econômico” sustentável, gerando empregos e fortalecendo a segurança em uma região tão sensível e estratégica para o país.
Mas, é claro que é preciso cautela diante de promessas que, em outros momentos, não se concretizaram. Um exemplo triste é a Autoridade Climática, anunciada com grande alarde em setembro de 2024, mas que, até hoje, permanece apenas no papel.


O histórico de projetos falaciosos acende um alerta sobre a necessidade de transformar o novo plano de Lula em ações concretas, evitando que a iniciativa se torne mais uma frustração para os moradores da região onde vivem pouco mais de 20 milhões de pessoas.
Especialistas não se cansam de afirmar que a região amazônica é um celeiro de biodiversidade, com potencial para liderar a transição global para uma economia verde.
O plano de Lula busca transformar nossas riquezas naturais em oportunidades de desenvolvimento por meio de marcos regulatórios, colaborações entre governos e parcerias com o setor privado.
Entretanto, os desafios estruturais não podem ficar ignorados. A precariedade da infraestrutura, a logística deficiente e o acesso limitado a mercados globais são entraves históricos que dificultam a concretização de projetos ambiciosos na região. Esses aspectos devem ser enfrentados com pragmatismo e planejamento sério, arrojado e eficiente.
Papel da comunidade internacional
Um ponto sensível é o apoio internacional ao plano. Em tempos de mudanças climáticas, a bioeconomia amazônica tem atraído atenção global. Contudo, a atual postura do governo de Donald Trump, caracterizada por uma visão protecionista e cética em relação às questões ambientais, pode limitar parcerias e financiamentos externos essenciais para viabilizar o projeto.
Isso reforça a necessidade de o Brasil fortalecer sua articulação diplomática e explorar outros mercados que compartilhem do compromisso com a sustentabilidade.
Para que o Plano Estadual de Desenvolvimento e Integração não seja mais uma promessa vazia, será crucial garantir, dentre outras coisas, transparência e governança, ou seja, o monitoramento dos investimentos e a participação das comunidades locais serão vitais para que os recursos sejam aplicados de forma estratégica e eficaz.
Investimentos em transporte, comunicação e energia serão indispensáveis para superar os gargalos logísticos, ao mesmo tempo em que além de buscar apoio de países alinhados à sustentabilidade, será imprescindível o Brasil explorar o potencial de organismos multilaterais e fundos verdes.
Consultorias especializadas e estudos detalhados serão importantes, mas o foco deverá se situar na implementação de soluções tangíveis e de impacto imediato.
Lula sabe o que lhe acontecerá nas eleições de 2026 caso ignore que a Amazônia não pode esperar por planos que nunca saem do papel. A transformação prometida por seu governo exige compromisso, agilidade e uma visão integrada que coloque os estados amazônicos no centro das decisões.
Só assim o Brasil poderá transformar potencial em realidade e liderar o caminho para um futuro mais verde e inclusivo. Do contrário, o plano passará para a história como uma panaceia armada para dar visibilidade política à Lula perante o mundo, de modo demagógico, como aconteceu com a Autoridade Climática.
*Juscelino Taketomi é jornalista, colaborador do EM TEMPO e assessor especial na Assembleia Legislativa do Amazonas
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