A obesidade atinge 31% da população brasileira e tende a crescer nos próximos anos. Segundo o Atlas Mundial da Obesidade 2025 (World Obesity Atlas 2024), da Federação Mundial da Obesidade (WOF), lançado nesta segunda-feira (3), 68% dos brasileiros estão acima do peso. Desses, 31% têm obesidade e 37% estão com sobrepeso.

Previsão de aumento da obesidade até 2030

O relatório projeta que a obesidade entre os homens no Brasil pode crescer 33,4% até 2030. Entre as mulheres, o aumento pode chegar a 46,2%. A falta de atividade física contribui para esse cenário, já que cerca de metade da população adulta não se exercita com a frequência recomendada.

Riscos à saúde e impacto na mortalidade

O Atlas indica que 60,9 mil mortes prematuras no Brasil podem ser atribuídas a doenças crônicas não transmissíveis associadas ao sobrepeso e obesidade, como diabetes tipo 2 e acidente vascular cerebral (AVC). A obesidade está ligada a 1,6 milhão de mortes anuais no mundo.

Especialista defende políticas públicas

O endocrinologista Marcio Mancini, diretor do Departamento de Tratamento Farmacológico da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), reforça que o Brasil precisa tratar a obesidade como uma questão de saúde pública.

“Não dá mais para responsabilizar o indivíduo. O problema de saúde pública tem que ser enfrentado com medidas de saúde pública”, afirma.

Entre as estratégias citadas pelo especialista estão a tributação de bebidas açucaradas, a inserção de alertas nos rótulos de alimentos com altas taxas de açúcar, gordura e sódio e a redução de preços de alimentos saudáveis. Ele também defende campanhas permanentes nas escolas e melhorias na infraestrutura urbana para incentivar a prática de atividades físicas.

Cenário global

O Atlas mostra que mais de 1 bilhão de pessoas vivem com obesidade no mundo. Caso medidas efetivas não sejam adotadas, esse número pode ultrapassar 1,5 bilhão até 2030. Apenas 7% dos países possuem sistemas de saúde preparados para lidar com o avanço da obesidade.

A Federação Mundial da Obesidade recomenda ações como rotulagem de alimentos, tributação e promoção da atividade física. Comparado a outros países, o Brasil apresenta índices melhores que os Estados Unidos, onde 75% da população está acima do peso, mas piores que a China, onde esse índice é de 41%.

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LS