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Pernambuco

Menina morre após inalar desodorante em desafio da internet

Brenda Sophia Melo de Santana sofreu uma parada cardiorrespiratória após aspirar produto

Foto: Reprodução

A polícia investiga a morte de Brenda Sophia Melo de Santana, a menina de 11 anos que sofreu uma parada cardiorrespiratória após inalar um desodorante aerossol em Bom Jardim, no Agreste de Pernambuco. Segundo a família da criança, ela aspirou o produto para cumprir um desafio que viu na internet.

Composto por partículas sólidas e líquidas suspensas no ar a partir do lançamento de um gás por um spray, o aerossol pode causar sérios danos à saúde se for inalado, segundo especialistas.

Ao g1, o médico Andrey Damasceno, que atendeu a criança, disse que não pode falar sobre o caso específico de Brenda por questões éticas, mas explicou que a substância consegue penetrar rapidamente nos brônquios, comprometendo a oxigenação.

“O aerossol tem partículas muito pequenas que, inaladas, rapidamente alcançam a via aérea. […] Em grande quantidade, que provavelmente foi o que aconteceu, causa morte por asfixia. O oxigênio sanguíneo rapidamente cai, a acidez eleva-se, os sistemas entram em colapso, inclusive o cardíaco. Essa é a parada cardiorrespiratória”, afirmou o médico.

O clínico-geral disse que a gravidade do caso vai depender da quantidade de aerossóis inalados e das condições de saúde do paciente.

“Um paciente que tem algum tipo de pneumopatia, doenças respiratórias, asma, bronquite, vai ter uma reação muito mais rápida à presença da substância e vai evoluir com mais gravidade”, afirmou.

Síndrome da morte súbita

De acordo com o pneumologista Alfredo Leite, do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), o aerossol contém uma série de produtos que podem ser aplicados na pele, mas que se tornam tóxicos em contato com o sistema respiratório. Entre essas substâncias, estão os hidrocarbonetos.

“São propelentes que fazem o aerossol conseguir formar aquele jato daquela maneira que se espalha no ambiente. São substâncias muito tóxicas, podem causar asfixia e arritmias, inclusive parada cardíaca”, informou.

Segundo o médico, a arritmia cardíaca provocada pela inalação dos aerossóis é chamada de síndrome da morte súbita por solventes. Conforme o especialista, os pulmões têm a mesma origem embrionária dos órgãos do sistema digestório, como o estômago, e têm uma grande capacidade de absorver substâncias que entram no corpo.

“Na hora em que a pessoa inala uma substância tóxica, aquilo ali está entrando no organismo como se ela tivesse engolido aquilo, como tivesse ido para o estômago e o intestino. […] Essa substância é absorvida, vai bater na circulação sanguínea e aí chega no coração, no sistema nervoso central e em todos os lugares onde essa substância tóxica pode causar danos”, detalhou Alfredo Leite.

Além dos hidrocarbonetos, de acordo com o pneumologista, alguns sprays contêm álcool, o que também causa irritação respiratória e pode afetar o sistema nervoso central.

“Para algumas pessoas que são mais sensíveis, por exemplo, asmáticos, tem aromatizantes, perfumes, que se colocam ali no desodorante e que causam espasmos nos brônquios. Mas o ‘clássico’ descrito, realmente, é a toxicidade cardíaca, principalmente na forma de arritmias”, explicou.

Entenda o caso

Brenda Sophia Melo de Santana morreu na tarde do domingo (9). De acordo com a prefeitura de Bom Jardim, ela deu entrada no Hospital Municipal Dr. Miguel Arraes às 16h24 e teve uma parada cardiorrespiratória a caminho da unidade, chegando ao local desacordada.

A língua da paciente estava coberta por um material esbranquiçado. A equipe de saúde tentou reanimar a menina por cerca de 40 minutos, mas ela não resistiu.

A causa da morte, segundo a prefeitura, foi por “possível inalação, por via oral, de desodorante aerossol”. O corpo da garota foi levado ao Instituto de Medicina Legal (IML) de Caruaru, no Agreste, onde passou por perícias antes de ser liberado para a família.

O laudo médico sobre a causa da morte da vítima será entregue à Polícia Civil. O caso está sendo investigado como “morte a esclarecer” pela Delegacia de Bom Jardim.

(*) Com informações do g1

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