Integrantes de um grupo criminoso, suspeitos de administrarem perfis intitulados ‘Focas’ em uma rede social, onde divulgavam informações difamatórias sobre pessoas e, posteriormente, extorquiam dinheiro das vítimas, foram presos em Borba, interior do Amazonas. Os resultados da Operação Mordaça foram apresentados nesta sexta-feira (21).
Ao todo, foram presos: Bruna de Souza Valente, de 23 anos; Clícia Mar Cardoso, de 24; Cris Luan dos Anjos Oliveira, de 20; Ketelen de Oliveira Frota, de 20; Moisés Moçambique Cadacho, de 25; e Wesley Froes Campos, de 29.
“A operação foi bem-sucedida e já há solicitações para que seja replicada em outros municípios do interior do Amazonas, que enfrentam problemas semelhantes causados por grupos criminosos que se organizam para criar notícias falsas, expor a vida privada e extorquir vítimas”, disse o delegado Paulo Mavignier.
Perfis em redes sociais
O delegado Jorge Arcanjo, da 74ª DIP, explicou que as investigações revelaram que o grupo utilizava cinco perfis em redes sociais para disseminar difamações. As postagens incluíam alegações de relacionamentos extraconjugais e falsas acusações de que algumas pessoas estariam infectadas pelo vírus HIV.
“Os suspeitos exigiam dinheiro das vítimas que os procuravam, oferecendo, em troca, a remoção das publicações difamatórias ou a revelação de quem teria iniciado a ‘fofoca’. Em um dos casos, um dos perfis chegou a exigir favores sexuais de uma mulher, determinando que ela mantivesse relações com qualquer pessoa indicada pela página. Essa situação foi frustrada com a deflagração da operação”, relatou Arcanjo.
Além dos crimes de difamação e extorsão, o grupo usava os perfis para recrutar pessoas interessadas em jogos de azar on-line, incluindo o “Jogo do Tigrinho”.
Primeira fase
A primeira fase da Operação Mordaça ocorreu no dia 14 de março, quando foram cumpridos mandados de busca e apreensão e de prisão temporária contra Bruna de Souza Valente e Wesley Froes Campos, em Borba, e contra Cris Luan dos Anjos Oliveira e outro suspeito, identificado como Elisson Ronald, em Manaus.
“O grupo estava em atividade há cerca de um ano e meio e criava ‘caixinhas de perguntas’, recebendo mensagens anônimas sobre moradores locais e divulgando o conteúdo sem qualquer filtro. Eles chegaram a atacar um padre e a própria Igreja Católica”, explicou o delegado.
Após as primeiras prisões, houve uma reviravolta nas investigações envolvendo Elisson Ronald. Descobriu-se que, na realidade, Elisson havia sido vítima de uma mulher identificada como Clícia Mar Cardoso, residente em Borba.
Segundo a polícia, Clícia conheceu Elisson em uma rede social e, após conquistar sua confiança, pediu que ele permitisse o uso de sua conta bancária para depósitos, alegando que mantinha relacionamentos com homens que não podiam transferir o dinheiro diretamente para suas contas pessoais.
“De posse da chave Pix dele, Clícia cadastrou um chip de celular em nome de Elisson e criou um dos perfis ‘Foca’, utilizado para extorquir vítimas. Os valores recebidos na conta de Elisson eram repassados integralmente a Clícia, sem que ele soubesse da origem criminosa do esquema”, destacou Arcanjo.
Além disso, durante o cumprimento de mandado de busca e apreensão na casa de Cris Luan, a polícia encontrou, no celular de sua companheira, Ketelen de Oliveira Frota, um novo perfil “Foca”, e ela foi interrogada no mesmo dia.
Segunda fase
A segunda fase da operação ocorreu em 18 de março, com a decretação das prisões preventivas de todos os envolvidos, exceto Elisson, cuja prisão foi revogada após análise das novas evidências.
Clícia foi presa em Borba, e Ketelen e Moisés Moçambique Cadacho, que estava foragido, foram localizados e presos em Manaus.
Procedimentos
Todos os suspeitos responderão por associação criminosa, extorsão, estelionato, calúnia, difamação, injúria, propaganda enganosa, crimes contra as relações de consumo e contravenção penal relacionada a jogos de azar.
(*) Com informações da assessoria
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