A partir desta segunda-feira (24), bebês com atrofia muscular espinhal (AME) tipo 1 terão acesso a um tratamento inovador pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O governo passa a oferecer a terapia genética com o medicamento Zolgensma, cujo custo na rede privada chega a R$ 7 milhões.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou a relevância da medida. “É a primeira terapia gênica que está sendo introduzida no SUS. O SUS passa a fazer parte de um pequeno clube de cinco sistemas públicos nacionais no mundo a oferecerem esse medicamento para a sua população”, afirmou.

Quem pode receber o tratamento

A terapia genética é indicada para bebês de até 6 meses que não utilizam ventilação mecânica invasiva por mais de 16 horas diárias. Segundo o Ministério da Saúde, com a incorporação do Zolgensma, o SUS agora disponibiliza todas as terapias modificadoras da doença para AME tipo 1.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que, entre os 2,8 milhões de brasileiros nascidos vivos em 2023, aproximadamente 287 foram diagnosticados com AME. O tratamento substitui a função de um gene ausente ou defeituoso, permitindo melhora na qualidade de vida dos pacientes.

Modelo de pagamento por desempenho

A oferta do tratamento foi viabilizada por meio de um acordo com a indústria farmacêutica, no qual o pagamento está condicionado aos resultados da terapia.

“Vai seguir de forma permanente a avaliação do desempenho do medicamento, da melhoria da vida dessa criança e da vida da família, com marcadores clínicos de avaliação ao longo do tratamento”, explicou Padilha.

Como acessar o tratamento pelo SUS

Para iniciar o tratamento, a família deve procurar um dos 28 serviços de referência para terapia gênica de AME. Esses centros estão presentes nos seguintes estados:

  • Alagoas
  • Bahia
  • Ceará
  • Distrito Federal
  • Espírito Santo
  • Goiás
  • Minas Gerais
  • Mato Grosso
  • Pará
  • Paraíba
  • Pernambuco
  • Piauí
  • Paraná
  • Rio de Janeiro
  • Rio Grande do Norte
  • Rio Grande do Sul
  • Santa Catarina
  • São Paulo

Os pacientes serão avaliados conforme o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atrofia Muscular Espinhal 5q Tipos 1 e 2, estabelecido pelo Ministério da Saúde. Além disso, um comitê acompanhará os pacientes de forma permanente para monitoramento dos efeitos da terapia.

Antes desse acordo, o Ministério da Saúde já disponibilizava o Zolgensma por meio de 161 decisões judiciais.

O que é a AME

A atrofia muscular espinhal é uma doença rara que interfere na produção de uma proteína essencial para os neurônios motores. Esses neurônios controlam funções vitais do corpo, como respirar, engolir e se mover. A condição afeta menos de 65 pessoas a cada 100 mil indivíduos.

Na rede pública, pacientes com AME tipos 1 e 2 em outras faixas etárias recebem tratamento contínuo com os medicamentos nusinersena e risdiplam. Em 2024, mais de 800 prescrições desses medicamentos foram emitidas.

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