O Sindicato do Comércio Varejista dos Feirantes de Manaus protocolou nesta semana uma representação formal contra os vereadores Sargento Salazar e Coronel Rosses na Câmara Municipal de Manaus. A entidade solicita a abertura de processo disciplinar por quebra de decoro parlamentar, o decreto de perda de ambos os mandatos e outras possíveis infrações legais cometidas pelos parlamentares durante uma confusão ocorrida no dia 25 de março de 2025, por volta das 16h, na Feira Municipal da Banana.
Segundo a representação, os vereadores teriam agido de forma “truculenta e arbitrária”, inclusive com agressões físicas e verbais, para impedir o cumprimento de uma ação da Secretaria Municipal de Agricultura, Abastecimento, Centro e Comércio Informal (SEMACC). A operação visava reintegrar um espaço público após processo administrativo que apurou a prática de aluguel indevido do local.
De acordo com o Sindicato, a permissionária do espaço teria confessado em audiência, acompanhada de advogado, que alugava o local a terceiros — prática proibida pela Lei Municipal 123/2004 e pela Lei 14.144/2021. O processo administrativo culminou na retomada da permissão de uso do espaço.
No entanto, durante a execução da medida, “servidores foram surpreendidos pelos vereadores Sargento Salazar e Coronel Rosses, que em uma ação truculenta os impediram de cumprir o que determina a Lei 123/2004”, segundo trecho do documento protocolado.
O Sindicato denuncia ainda que os parlamentares agrediram fisicamente o advogado da SEMACC e ofenderam verbalmente servidores públicos, feirantes e até mesmo clientes que estavam no local. “As atitudes dos referidos vereadores foram ações incompatíveis com o decoro parlamentar, com a liturgia do cargo de vereador, ferindo não somente o Código de Ética desta casa, mas também a Lei Orgânica do Município de Manaus, a nossa Carta Magna e demais leis vigentes”, diz outro trecho da representação.
Entre os relatos apresentados estão os do feirante João Pacheco de Souza Neto, permissionário há quase 30 anos, e das feirantes Selina Nascimento Amazonas e Nereida Jaciara Barroso Rodrigues, que descreveram os vereadores como “altamente alterados”, “agressivos” e acompanhados de pessoas armadas. “Inclusive o próprio vereador Salazar fazia questão de mostrar que estava armado”, denuncia o texto.
A secretária da Comissão Gestora da feira, Nereida Rodrigues, afirmou que precisou fechar os portões do local antes do horário habitual para evitar uma possível tragédia. “As atitudes vão na contramão do que se espera de dois legítimos representantes do povo”, pontuou.
Na peça, o Sindicato solicita que a Câmara tome providências urgentes, encaminhando o caso ao Conselho de Ética para apuração. Os sindicalistas pedem ainda a decretação da perda de mandato dos vereadores, caso comprovada a quebra de decoro.
“O que se viu foi os vereadores também agirem ao arrepio da lei, de forma truculenta, ameaçadora e arbitrária, impedindo os servidores públicos de cumprir o fiel cumprimento da lei municipal”, afirma o sindicato.
A representação também menciona o caso do deputado federal Glauber Braga, que teve parecer pela cassação de mandato após episódio semelhante de agressão. “Se essa casa legislativa coadunar com tamanha arbitrariedade, poderá em breve presenciar algo mais grave por parte desses vereadores”, adverte o sindicato.
Vídeo:
Resposta
Em nota, o vereador Sargento Slazar (PL) informou que ainda não foi notificado oficialmente sobre qualquer denúncia relacionada à fiscalização realizada na Feira da Banana.
O parlamentar afirmou estranhar a tentativa de distorção dos fatos e a construção de uma narrativa que, segundo eles, não condiz com a realidade. Para o vereador, a denúncia tem motivação política, e ele aguardará os desdobramentos do caso com tranquilidade e responsabilidade.
“Informarmos que o vereador Sargento Salazar (PL) ainda não foi notificado oficialmente sobre qualquer denúncia relacionada à fiscalização realizada na Feira da Banana, no dia 25 de março de 2025.
É importante destacar que a ação fiscalizatória foi conduzida de forma legal e legítima, dentro das prerrogativas do mandato parlamentar, com foco na defesa dos trabalhadores, da ordem e do interesse público.
Causa estranheza a tentativa de distorcer os fatos e criar uma narrativa que não condiz com a realidade. Sabemos que há uma manobra política por trás dessa denúncia, e o vereador aguardará os próximos passos com tranquilidade e responsabilidade.
Reafirmamos o compromisso com a verdade, a transparência e o respeito às leis, mantendo a disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários às autoridades competentes“, diz a nota completa.
O vereador Coronel Rosses (PL) também informou que não foi notificado oficialmente sobre nenhuma representação protocolada pelo Sindicato dos Feirantes e afirmou que “é importante salientar que isto é uma cortina de fumaça para desviar o foco do que realmente importa”.
Documento divulgado:





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