Segundo o novo relatório do Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados), o número de pessoas forçadas a deixar seus lares devido a guerras, conflitos, perseguições ou violações de direitos humanos atingiu 122 milhões em abril deste ano — o maior patamar da última década.
Divulgado nesta quinta-feira (12), o documento aponta um aumento de mais de 2 milhões em relação ao mesmo período do ano anterior, mantendo a tendência de crescimento contínuo observada na última década.
Neste grupo estão incluídos aqueles já reconhecidos como refugiados ou em situação semelhante, aqueles que estão solicitando asilo em outros países e aqueles deslocados dentro de seus próprios países, em uma migração doméstica forçada pela violência.
Na avaliação do Acnur, a escalada é impulsionada por guerras prolongadas. O Sudão, que vive um conflito entre as Forças Armadas Sudanesas (SAF) e as Forças de Apoio Rápido (RSF) há dois anos, assumiu a liderança, com 14,3 milhões de refugiados e deslocados internados.
O relatório aponta que o país africano superou a Síria (13,5 milhões), o Afeganistão (10,3 milhões) e a Ucrânia (8,8 milhões), também mergulhados em conflitos.
Por outro lado, a população global de refugiados diminuiu em 2024, totalizando 42,7 milhões — uma queda de 613 mil pessoas em relação ao ano anterior. Já pessoas deslocadas internamente, isto é, aquelas que precisam abandonar suas casas por causa da violência mas que não deixam o próprio país, seguem representando a maioria dos deslocados forçados no mundo —60% do total.
Impactos
O conflito na Faixa de Gaza, por exemplo, desalojou 90% da população. Desde outubro de 2023, quando o grupo terrorista Hamas atacou Israel e desencadeou o conflito atual, a maioria dos civis em Gaza foi forçada a se deslocar diversas vezes. No fim de 2024, aproximadamente 2 milhões de palestinos —praticamente toda a população de Gaza— viviam nessa situação.
O documento da ONU mostra ainda que financiamento para ações humanitárias caiu drasticamente: o orçamento do Acnur está no mesmo patamar de 2015. “Essa situação é insustentável e deixa os mais vulneráveis ainda mais expostos”, afirma o alto comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi, no relatório.Ainda assim há alguns pontos a serem celebrados. Em 2024, cerca de 9,8 milhões de pessoas conseguiram retornar para suas casas, incluindo 1,6 milhão de refugiados —o maior número em mais de 20 anos— e 8,2 milhões de deslocados internos.
“Muitos sírios conseguiram retornar para casa após mais de uma década em exílio”, afirma Grandi. Ele reforça, porém, que “a paz no país continua frágil e as pessoas precisam da nossa ajuda para reconstruir suas vidas novamente”.
Apesar de ainda ser um dos países com um alta taxa de deslocados, quase 2 milhões de sírios chegaram ao país após mais de uma década de exílio. No entanto, muitos retornos ocorreram em condições precárias e instáveis, como no caso dos afegãos forçados a voltar para o Afeganistão em meio a uma grave crise humanitária.
(*) Com informações da Folha de S. Paulo
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