O enfraquecimento do dólar frente a mudanças na política monetária dos Estados Unidos reacende o apetite global por criptoativos como Bitcoin e Ethereum. A nova onda é puxada por um contexto inédito: a aprovação de ETFs nos EUA, que legitima o uso de criptomoedas por grandes fundos e investidores institucionais, além do crescimento de projetos ligados à tokenização de ativos reais.
O discurso é sedutor: “cripto como reserva de valor”, “ouro digital”, “nova ordem financeira”. Mas na prática, o movimento exige cautela. Ainda que o Bitcoin tenha conquistado espaço como ativo escasso e resistente à manipulação estatal, o mercado segue altamente volátil e especulativo — com oscilações diárias de dois dígitos e grande dependência de hype.
Institucionalização e acesso facilitado por ETFs
Desde 2024, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) aprovou ETFs lastreados em Bitcoin e Ethereum. Isso abriu caminho para que bancos, seguradoras e fundos de pensão incluam criptoativos em seus portfólios, antes restritos por regras de compliance. O resultado? Maior volume, maior visibilidade — e também maior risco de especulação em massa.
Tecnologia e promessa: o que é real e o que é aposta?
Projetos como os de RWA (tokenização de ativos reais) e DePIN (infraestrutura descentralizada) avançam com promessas de transformar setores como crédito, logística e energia. Porém, especialistas alertam: o setor ainda está em fase beta, com uso prático limitado. O otimismo dos entusiastas muitas vezes atropela a realidade regulatória e os gargalos tecnológicos.
Qual o papel do cripto diante da crise do dólar?
Com os Estados Unidos sinalizando o fim do ciclo de juros altos e maior emissão monetária à vista, o dólar perde tração como porto seguro universal. Nesse vácuo, o Bitcoin surge como um ativo não soberano — mas ainda não está claro se o mercado global aceitará esse papel em larga escala. A verdade é que, apesar dos avanços, o mercado cripto ainda é pequeno frente aos trilhões do sistema financeiro tradicional.
A aposta é válida? Depende de quem aposta
Especialistas sugerem exposição moderada: entre 1% e 5% da carteira, para investidores com apetite a risco e conhecimento do mercado. A recomendação de alocar até 30% em cripto, como sugerem algumas “aulas” no WhatsApp, deve ser vista com extremo ceticismo. Afinal, o cripto ainda vive entre a utopia libertária e a realidade dos ciclos especulativos.
O futuro pode ser digital, mas os riscos continuam bem analógicos.
Leia mais:
Para ficar por dentro de outras notícias e receber conteúdo exclusivo do portal EM TEMPO, acesse nosso canal no WhatsApp. Clique aqui e junte-se a nós! 🚀📱