Enquanto a atenção internacional se volta para a escalada do confronto entre Israel e Irã, com a entrada dos Estados Unidos no conflito, os ataques israelenses contra a população palestina continuam intensos na Faixa de Gaza.

Nas últimas 24 horas, o Ministério da Saúde de Gaza contabilizou 39 mortes por bombardeios e 317 pessoas feridas. Entre sexta-feira (20) e sábado (21), foram 200 mortos em apenas 48 horas.

Centros de ajuda viram alvo

Os ataques também continuam nos centros de distribuição de alimentos operados pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF), entidade apoiada por Israel e dirigida pelo ex-conselheiro de Donald Trump, o líder evangélico Johnnie Moore. A fundação começou a operar no território em 27 de maio.

Desde então, os deslocamentos até os pontos de entrega se transformaram em riscos de morte, segundo relatos de civis e autoridades locais.

Nos últimos 12 dias, ao menos 450 palestinos morreram e milhares ficaram feridos em ataques contra aglomerações de civis que tentavam, desesperadamente, obter alimentos, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza.

Críticas à operação e denúncias de massacre

Em comunicado, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) acusou Israel de realizar massacres deliberados contra civis, incluindo nos centros de distribuição de alimentos.

“O exército de ocupação visa deliberadamente apenas civis indefesos, intensificando seus assassinatos diários como parte de uma política sangrenta calculada (…). O assassinato de crianças, mulheres e civis inocentes continua sendo um objetivo diário fixo para o exército de ocupação”, afirma a nota do Hamas.

O chefe da agência humanitária da ONU em Gaza e Cisjordânia (Ocha), Jonathan Whittall, também fez uma denúncia grave:

“Há um padrão assustador de forças israelenses abrindo fogo contra multidões que se reúnem para obter alimentos”, declarou. Ele pediu que a comunidade internacional pressione por um cessar-fogo e pela responsabilização dos ataques em Gaza.

Whittall foi contundente:

“O que está acontecendo parece ser o apagamento da vida palestina em Gaza. A tentativa de sobreviver está sendo condenada à morte. Não deveria ser assim. Não deveria haver um número de mortes associado ao acesso aos bens essenciais à vida.”

ONU e líderes globais condenam os ataques

A relatora especial da ONU para a Palestina, Francesca Albanese, também criticou duramente a situação:

“Deixar o estado acusado de genocídio e fome encarregado de distribuir ajuda é ridículo e obsceno: um insulto à decência humana”, afirmou no X (antigo Twitter), no domingo.

O próprio secretário-geral da ONU, António Guterres, já havia pedido no dia 2 de junho uma investigação imediata e independente sobre o envolvimento da agência GHF nos ataques contra civis.

Números da tragédia

Desde o início da ofensiva israelense, nos últimos 20 meses, o balanço é devastador:

  • 55.998 palestinos mortos
  • 131.559 feridos

A crise humanitária em Gaza se agrava diante de um cenário de bombardeios, fome, bloqueios e mortes em massa, enquanto cresce a pressão internacional por um cessar-fogo imediato.

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