Após nove novas mortes por fome em 24 horas, Israel decidiu autorizar o lançamento de ajuda humanitária na Faixa de Gaza por meio de paraquedas. A medida, anunciada na quinta-feira (25), permitirá que países estrangeiros realizem os lançamentos. Desde o início da guerra, em 2023, a crise alimentar já causou a morte de 122 pessoas por desnutrição — entre elas, 83 crianças, segundo autoridades locais.

Inicialmente, Jordânia e Emirados Árabes Unidos receberam permissão para realizar os lançamentos. Segundo o jornal Times of Israel, as entregas serão coordenadas com as Forças de Defesa de Israel. A expectativa é que os primeiros pacotes sejam lançados ainda hoje. Militares israelenses informaram que estão em articulação com a Jordânia, mas a quantidade de ajuda a ser enviada ainda não foi divulgada.

Bloqueio

A crise alimentar na Faixa de Gaza se agravou após Israel impor um bloqueio total em março de 2024, interrompendo o fluxo de ajuda. Somente no fim de maio, alguns caminhões voltaram a ter acesso ao território, ainda de forma restrita.

De acordo com a Palestina, a fome se espalha rapidamente, e agências como Médicos Sem Fronteiras e Unicef alertam para o colapso do sistema de assistência. Apenas na última semana, três recém-nascidos morreram por desnutrição grave. A ONU informou que seus próprios funcionários no local enviaram mensagens com pedidos urgentes por alimentos.

Além da escassez, o preço da comida disparou. Segundo o Programa Mundial de Alimentos (PMA), a farinha de trigo usada para pão está até 3.000 vezes mais cara do que antes da guerra.

O lançamento aéreo de suprimentos já provocou mortes neste ano. Um acidente com paraquedas em Beit Lahia, no norte de Gaza, causou a morte de 12 pessoas que tentavam resgatar os pacotes no mar após um erro de trajeto.

‘Crime sistemático de fome’

Israel afirma que a entrada de ajuda esbarra na logística da ONU. Em nota publicada hoje, o Exército israelense disse que as Nações Unidas e outras organizações deixaram de coletar os alimentos nas fronteiras. Outra justificativa apresentada é que o Hamas tem saqueado os carregamentos para revendê-los e gerar instabilidade no território.

O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza acusou Israel de praticar um “crime sistemático de fome” e exigiu a abertura imediata das fronteiras. Segundo o governo local, seriam necessários 500 caminhões com alimentos e 50 com combustível por dia para evitar um desastre humanitário.

A Unicef também alertou que os estoques de fórmula terapêutica para crianças desnutridas devem acabar até meados de maio, o que agravaria ainda mais o cenário.

(*) Com informações do UOL

Leia mais: Mais de 100 entidades pedem fim do cerco e da fome em Gaza