Jacira Roque de Oliveira, conhecida como Dona Jacira, morreu nesta segunda-feira (28), aos 60 anos, em São Paulo. A escritora e artista plástica era mãe do rapper Emicida, do cantor e empresário Evandro Fióti, de Katia e de Katiane. Amigos da família confirmaram a morte à revista Marie Claire. Ela estava hospitalizada na capital paulista.

A causa da morte ainda não foi divulgada. Dona Jacira convivia com o Lúpus e fazia hemodiálise há mais de 25 anos.

Trajetória de resistência e arte

Nascida e criada na zona norte de São Paulo, Dona Jacira se destacou primeiro por ser mãe de artistas reconhecidos, mas logo conquistou seu próprio público. Tornou-se uma referência por seus saberes ancestrais e protagonizou uma trajetória marcada por superação: enfrentou maus-tratos na infância, casou-se na adolescência, perdeu o marido e enfrentou dificuldades financeiras enquanto criava os filhos.

Na maturidade, mergulhou na arte como forma de expressão e resistência. Em 2018, lançou sua autobiografia Café, onde relata suas vivências e reflexões. Participou de projetos artísticos como a coleção Herança da marca Lab Fantasma, à qual aplicou seus bordados em peças de moda. Também lançou uma coleção de bonecas de pano feitas com retalhos e criou um podcast.

Liderança comunitária e encontros culturais

Morando sozinha, Dona Jacira abriu sua casa para promover encontros culturais com vizinhos e moradores do bairro. Ela organizava os “Encontros da Colheita e da Semeadura”, que evoluíram para rodas de conversa sobre arte, alimentação e cultura.

“Fazia os Encontros da Colheita e da Semeadura. Depois começamos a falar também sobre alimentação, arte e cultura, que são assuntos que gosto muito. E isso foi aumentando. Em 2002 minha casa recebeu pessoas da África, de várias regiões do Brasil. E daí esse ano chegou a pandemia. Cuidar dessa festa é uma coisa que me deixa contente. E se estou feliz, fico animada”, disse em entrevista à Marie Claire em 2020.

A luta contra o Lúpus e a hemodiálise

Dona Jacira falou abertamente sobre sua batalha diária contra a doença autoimune Lúpus. Durante mais de duas décadas, fez sessões constantes de hemodiálise, o que limitava sua rotina.

“Tem dias difíceis também. Minha mãe mora na rua de casa e não vou lá porque venho do hospital todos os dias. Faço hemodiálise há 22 anos [na época, agora 25], tenho Lúpus. Agora mesmo estou falando do HC [Hospital das Clínicas]. Na casa da minha mãe também mora um sobrinho com esclerose múltipla. É complicado, temos que pensar em tudo isso porque podemos ser o condutor da doença. Às vezes bate uma angústia, estamos há tanto tempo sozinhos”, relatou na mesma entrevista.

Conflito entre os filhos e o apoio a Fióti

Em abril deste ano, Emicida e Fióti anunciaram o fim da parceria artística e empresarial. O caso segue na Justiça com um processo na 2ª Vara Empresarial e de Conflitos de Arbitragem de São Paulo, após denúncias de movimentação financeira irregular.

Na ocasião, Dona Jacira declarou publicamente seu apoio ao filho Fióti nas redes sociais:

“As hienas nos rondam, querem nossa queda. Mas não conseguirão. Fióti, sua dor é nossa dor. Quando a injustiça se instala, com todo respeito ao jurídico, as mediações de conflitos e estratégias para restabelecer a ordem é muito importante. Porém eu, Dona Jacira, digo que a maldição lançada em forma de calúnia deve ser retirada. Pela boca que a lançou. Antes que seja tarde”.

*Com informações da Marie Clare

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