Manaus (AM) – Em meio às críticas sobre os preços abusivos na rede hoteleira de Belém (PA) para o período da COP30, o vereador Saimon Bessa (União Brasil) sugeriu, nesta segunda-feira (4), que Manaus seja considerada como apoio logístico ao evento, especialmente no setor de hotelaria.

No entanto, a proposta do parlamentar desconsidera a realidade dos custos para deslocamento entre as duas capitais da Região Norte, além da complexidade de transferir atividades de uma conferência internacional para outra cidade.

“Belém tem recebido várias críticas com relação a isso. Nós temos que agir nesse momento em, até certo modo de união. Manaus fica próximo de Belém e pode ser uma subsede da COP30. Manaus possui hotelaria suficiente, possui um aeroporto internacional, já foi subsede de uma copa do Mundo, já recebeu diversos eventos internacionais, possui uma estrutura muito importante e suficiente para contribuir coma relevância dese evento”, disse.

A COP30, marcada para novembro de 2025, vai tratar de temas ligados ao meio ambiente, mudanças climáticas e Amazônia. O vereador defende que, para o evento ser bem-sucedido, Manaus deve oferecer suporte logístico, incluindo hospedagem e possíveis agendas paralelas.

“A COP30 vai tratar do meio ambiente, das mudanças climáticas, vai tratar de temas que envolvem a Amazônia e nós temos que fazer com que esse evento seja bem-sucedido. E a forma de nos ajudarmos Belém é dessa maneira, disponibilizando hotelaria, trazendo alguns eventos aqui para Manaus também”, argumentou.


Custos

Mas, a proposta ignora um ponto central: a dificuldade logística dentro da própria região Norte. Embora próximas no mapa, Manaus e Belém não são interligadas por vias terrestres e dependem de transporte aéreo, cujo custo é alto.

Uma passagem aérea, ida e volta no mesmo dia, chega a custar R$ 3.550. Em 11 dias de evento, isso representaria um gasto de mais de R$ 39 mil apenas com passagens, sem contar hospedagem, transporte local e alimentação.

A fala de Saimon Bessa evidencia um certo distanciamento da realidade enfrentada por quem vive — ou pretende visitar — a Amazônia. Se, por um lado, a intenção de fortalecer o protagonismo amazônico no evento é válida, por outro, a proposta esbarra na falta de planejamento, na logística precária da região e, principalmente, na ausência de soluções concretas para problemas que afetam tanto Belém quanto Manaus.

A proposta, segundo Bessa, foi protocolada na Câmara Municipal. Ele ainda pediu apoio dos colegas para que o assunto seja discutidona Casa. Além disso, Saimon afirma que vai pedir apoio do irmão, deputado estadual Carlinhos Bessa (PV), que corre o risco de ficar inelegível, por supostas irregularidades.

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