O Ministério do Comércio da China anunciou nesta quarta-feira (31) que, a partir de 1º de janeiro, adicionará tarifas de 55% sobre as importações de carne bovina de países como Brasil, Argentina, Uruguai e Estados Unidos que excedam uma determinada quantidade.

Até novembro, o Brasil exportou cerca de 1,4 milhão de toneladas de carne bovina para o país asiático, principal comprador do produto brasileiro.

Segundo analistas, os preços da carne bovina na China vêm apresentando tendência de queda nos últimos anos. O movimento ocorre devido ao excesso de oferta e à fraca demanda, reflexo da desaceleração da segunda maior economia do mundo.

Ao mesmo tempo, as importações dispararam, tornando o gigante asiático um mercado crucial para países produtores de carne bovina, especialmente da América Latina e da Austrália.

Governo chinês alega prejuízo à indústria nacional

Pesquisadores chineses concluíram que a compra de carne bovina estrangeira prejudicou a indústria nacional, afirmou o Ministério do Comércio em comunicado à imprensa ao justificar a decisão.

A investigação oficial abrangeu carne bovina fresca, congelada, com osso e sem osso. De acordo com a mesma fonte, as tarifas adicionais serão aplicadas por três anos, até 31 de dezembro de 2028.

Cotas de importação e aplicação das tarifas

O ministério classificou as tarifas como “medidas protecionistas” e informou que elas serão gradualmente reduzidas. A China atribui cotas anuais aos países exportadores, que são ligeiramente ampliadas a cada doze meses.

A partir da nova regra, toda carne bovina exportada para a China que ultrapassar esses limites ficará sujeita à tarifa de 55%.

Em 2026, o Brasil terá uma cota de importação de 1,1 milhão de toneladas. A Argentina contará com um limite de aproximadamente metade desse volume, enquanto o Uruguai terá cota de 324 mil toneladas.

A Austrália enfrentará uma cota de cerca de 200 mil toneladas, e os Estados Unidos, de 164 mil toneladas.

Impactos em acordos comerciais

O Ministério do Comércio também informou que suspendeu parte de um acordo de livre comércio com a Austrália que abrangia a carne bovina.

“A aplicação de salvaguardas à carne bovina importada visa ajudar temporariamente a indústria nacional a superar dificuldades, e não restringir o comércio normal de carne”, afirmou um porta-voz em comunicado separado.

(*) Com informações da Folha de S.Paulo

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