Manaus (AM) – O programa Cine Total transmitido pela Web TV Em Tempo recebeu em estúdio a diretora do curta “Palavras Cruzadas”, Lívia Prado para compartilhar detalhes sobre o processo criativo do curta e a experiência de trabalhar com um tema tão delicado.
O curta busca quebrar tabus quando o assunto é Alzheimer. O projeto acompanha a história de uma mulher de 60 anos, interpretada pela atriz Bekinha, e a sua procura pela sua própria identidade.
Cine Total: Primeiramente Lívia, eu queria que você explicasse para a nossa audiência como surgiu a ideia do curta e o porquê dessa temática.
Lívia: Esse é um tema que discutimos já nesse nosso século, mas que antigamente não tínhamos palavras para definir que doença era essa. Em 2015, eu escrevi uma peça que se chama “Eu tão distante”, que fala sobre a percepção de uma mulher com mais de 60 anos em contato com esse esquecimento e ela vai juntando os pedaços como se estivesse montando um quebra-cabeça. Nesse discernimento que eu tinha de transformar isso em uma peça, veio a pandemia. Eu e a atriz, que convidei para ser a protagonista, nos vimos em uma encruzilhada. Até que veio a ideia de fazer um curta e passei a adaptar esse roteiro de teatro para o cinema.
Cine Total: Falando a respeito do trabalho meticuloso que você fez. Por ser um trabalho que requer muito estudo. Quanto tempo levou da primeira parte o roteiro até o produto final? Já teve a pré-estreia?
Lívia: Já lançamos o curta. A princípio, começou em 2015 quando foi feita a peça de teatro. Estávamos começando a idealizar a peça e logo depois veio a pancada da pandemia. Tentamos correr atrás para para fazer e em abril de 2020 já começamos a gravar as primeiras cenas, depois tivemos um hiato enorme. Tiveram momentos que ficávamos tão empacados com a falta de dinheiro, o tempo ia passando e era uma correria com diversos fatores. Mas tivemos o trabalho minucioso da direção de atores
Cine Total: Sobre essa questão dos circuitos, há todo um planejamento para que o curta seja colocado em circuitos maiores e, quem sabe, em salas de cinema. Como funciona isso?
Lívia: Existem vários festivais que tratam desses assuntos relacionados a saúde, tanto sobre saúde mental quanto a saúde em si, e também outros tipos de festivais competitivos. Antes de colocarmos em um circuito maior, testamos também para ver até onde vai esse filme e nós contratamos uma empresa especializada nisso, em buscar quais são os melhores festivais. Passamos pelo período das inscrições e esperamos para ver se somos chamados e se podemos concorrer. O que vier para a gente vale muito a experiência. Quem teve a oportunidade de ver o filme no Teatro Amazonas, o pré-lançamento foi muito pequeno por ter sido em plena pandemia.
Cine Total: Queria que você falasse da escolha do elenco. Como que foi esse processo de escolha dos personagens que aparecem no filme?
A escolha do elenco foi “doida”. A peça era para ser um monólogo, ou seja, com uma atriz só. O filme seria como um teatro filmado, a atriz fazendo de conta que estava em um palco como uma espécie de monólogo. No decorrer da nossa filmagem, eu percebi que tinha que ter a atriz com uma versão mais nota, como se fosse um refúgio e uma interpretação da infância. No monólogo de teatro, você pode fazer uma referência sobre isso, mas no cinema era preciso ter uma criança. A atriz mirim Kalila Almeida fez muito bem, ela tem um futuro para trabalhar nisso. Fizemos um teste com ela e deu certo, uma menina brilhante. A direção do curta é de Geraldo Langbek, que também atua no filme como um cuidador. Os personagens foram aparecendo e surgindo de acordo com a necessidade. Depois surgiu a figura da filha da senhora, que é uma médica que está mais preocupada com os pacientes e não quer olhar a mãe passar por aquilo, preferindo se doar para outras pessoas. O que é algo muito comum com algumas pessoas com familiares com Alzheimer.
Cine Total: Para encerrar, gostaríamos que você falasse um pouco sobre os seus projetos futuros. Está planejando mais alguma coisa? O que podemos esperar?
Lívia: Fazer cinema é um caminho sem volta. Eu quero continuar me estimulando como roteirista, mas nada me impede de estar em uma produção que eu possa estar inserida no contexto de direção e tudo, de alguma forma. Estamos com uns projetos bem interessantes, que são dois documentários, um desses é sobre a tribo Waimiri Atroari e outro sobre a antiga Universidade Amazonense (UA), atualmente a Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Também temos a ideia de fazer o primeiro longa em animação, contando a história de uma árvore Sumaúma que se desprende das terras e faz uma viagem pelo rio Amazonas até o mar dos Sargaços.
Edição Web: Bruna Oliveira
Fotos: José Airton e Divulgação
Leia mais:
Programação do fim de semana reúne shows de rock em Manaus
Calcinha Preta lança DVD “Como não amar? – Ao vivo em Belém”
Para ficar por dentro de outras notícias e receber conteúdo exclusivo do portal EM TEMPO, acesse nosso canal no WhatsApp. Clique aqui e junte-se a nós! 🚀📱