Manaus (AM) – Nesta quinta-feira (7), o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) votou parcialmente o recurso apresentado por Adail Filho contra as novas eleições em Coari. Quatro dos sete ministros – assim formando maioria -, decidiram por manter a cassação do membro da família Pinheiro, eleito prefeito do município em 2020, porém cassado logo em seguida.
Apesar de a defesa de Adail ainda ter chance de apresentar recurso ao Supremo Tribunal Federal (STF), a tentativa não possuiria efeito suspensivo, ou seja, as novas eleições acontecerão independente de quaisquer nova ação da defesa. O maior opositor da família Pinheiro no município, Robson Tiradentes Jr (PSC) comemorou a novidade que o coloca como principal candidato durante o pleito suplementar. “
A justiça fez o seu papel reconhecendo a Inelegibilidade. O julgamento do TSE abriu portas para que o povo sofrido de Coari tenha a oportunidade de conhecer candidatos com propostas concretas para mudar a triste realidade de cerca de 90 mil pessoas. As próximas eleições serão decisivas para o início de uma era de prosperidade ou a manutenção do atraso que impera há décadas no município“
Robson Tiradentes, radialista e opositor à família Pinheiro
Enquanto isso, a presidente da Câmara Dulce Menezes (MDB), tia do ex-prefeito é quem ocupa o cargo de prefeita. Segundo o TRE-AM, o principal motivo pela cassação do mandato de Adail Filho, eleito com 21.716 votos no último pleito, é o fato da cidade ser administrada pela terceira vez consecutiva por membros do mesmo núcleo familiar, o que é proibido pela Constituição Federal.
Chefe do setor jurídico de Robson Tiradentes, o advogado Raione Cabral entende que esta é uma oportunidade única para o município retirar a família Pinheiro do comando de Coari. Ele acompanhou de perto as etapas do processo a fim de que os prazos legais fossem cumpridos.
“O povo de Coari poderá fazer uma nova escolha ainda neste ano, no dia 5 de dezembro. É chegada a hora de mudar o município e eleger um candidato ficha limpa. A vereadora Dulce é tia de Adail Filho e continua seguindo as ordens e comportamentos nocivos da família Pinheiro. Tanto é assim que está sendo acusada de nepotismo por empregar diversos parentes na prefeitura. Chegou o momento de acabar com este ciclo de sucessivas administrações que não pensam no povo”, afirmou.
Acusações e polêmicas recentes
A linha do tempo de denúncias envolvendo a família Pinheiro em Coari é traçada desde os primeiros mandatos de Adail no município, desenrolando até os dias atuais através de sua árvore genealógica que ainda comanda a ‘terra do gás’. A mais recente das denúncias trata de suposto esquema milionário de corrupção envolvendo uma empresa de farmacêuticos que teria recebido cerca de R$ 28 milhões da Prefeitura de Coari. A representação da notícia-fato foi apresentada ao Ministério Público do Amazonas pelo principal líder de oposição ao Executivo Municipal, Robson Tiradentes Jr (PSC).
Segundo ele, além do Hospital Regional de Coari reclamar da falta de médicos e medicamentos, o grupo que recebeu a verba pertence à família da assessora da deputada Mayara Pinheiro (Progressistas). A RD Comércios de Produtos Farmacêuticos Ltda, conforme documento apresentado por Tiradentes e apurado pelo portal EM TEMPO, recebeu a quantia milionária de R$ 28.477.229, 80 (vinte e oito milhões, quatrocentos e setenta e sete mil, duzentos e vinte e nove reais e oitenta centavos) da Prefeitura de Coari em menos de um ano de contrato para fornecer medicamentos e materiais hospitalares ao município.
A empresa consta no nome de Dulce Gisella Barroso, filha de Giselle Barroso, assessora da deputada estadual Mayara Pinheiro (Progressistas). A parlamentar, por sua vez, é filha do ex-prefeito Adail Pinheiro e sobrinha da atual prefeita de Coari, Dulce Menezes (MDB). Raione Cabral elucida parte do imbróglio.
“Além de filha da assessora da Mayara Pinheiro, [a denunciada] também é filha de Raimundinho, um dos laranjas conhecidos de Adail Pinheiro, o pai. Soubemos disso tudo por fontes que trabalhavam com estas pessoas e, a partir daí, fomos para investigação. Além do Ministério Público, entramos com uma representação juntamente ao Tribunal de Contas do Estado”, disse.
Somado a esses entraves, Dulce Gisella é médica lotada em Coari, mas segundo registros do DataSus – serviço de informática do Sistema Único de Saúde -, também é contratada no município de Anori e ainda realiza residência médica em São Paulo.
Em setembro também foi protocolado documento ao TCE expondo valor de pregão presencial de R$ 6.054.050,00 (seis milhões, cinquenta e quatro mil e cinquenta reais) para serviço de fretamento de aeronave por parte da prefeitura do município. Até o momento, o órgão estadual ainda analisa a denúncia.
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