O relatório da operação Última Milha da Polícia Federal apontou que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), no governo Jair Bolsonaro (PL), promoveu ações clandestinas direcionadas para desacreditar o processo eleitoral.
O documento também afirma que o ex-diretor da Abin, hoje deputado federal Alexandre Ramagem (PL), tinha “domínio do fato” das medidas realizadas com recursos humanos e materiais da agência.
O questionamento das urnas eletrônicas, de acordo com a PF, era mantra reiterado nas “ações de desinteligência”, principalmente ao tentar criar informações inverídicas sobre ministros do STF.
Os movimentos, segundo a polícia, teriam sido feitos pelo policial federal Marcelo Araújo Bormevet e o militar Giancarlo Gomes Rodrigues, presos na quinta-feira (11).
O primeiro foi segurança de Bolsonaro na campanha de 2018 e nomeado por Ramagem para comandar o Centro de Inteligência Nacional (CIN), estrutura criada pelo atual deputado na Abin. Já Giancarlo era subordinado a Bormevet na Abin.
Segundo a PF, os dois teriam direcionado, no exercício funcional na Abin, ações para atacar um assessor do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Luís Roberto Barroso, em atuação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Bormevet determinou a Giancarlo que “mandasse bala” para “sentar o pau” no assessor, a partir de uma publicação na rede social X sobre as urnas eletrônicas e de declarações do perfil “Kim Paim”.
“Tem um cara que publicou um tweet sobre as invasões das urnas. Precisamos qualificá-lo com um currículo”, diz uma das mensagens interceptadas.
“Outra coisa, estou assistindo o Kim Paim de hoje. Ele disse que o assessor do Barroso já é investigado. Temos que sentar o pau nesse assessor”, diz outra.
A polícia também afirmou que os atos direcionados para desacreditar o sistema eleitoral não se restringiram aos ataques aos ministros do Supremo, mas também contra os seus familiares.
Entre eles, os agentes tentavam associar parentes com a empresa responsável por prestar serviços ao TSE.
Bormevet ficou cedido à Abin até setembro de 2022, quando passou a trabalhar na Presidência da República até dezembro daquele ano.
Ele também teria feito um perfil para produzir informações e difundir porque, nos termos expressos por ele, “maliciosamente, as eleições estão marcadas onde haverá um feriado na terça-feira. Isso faz aumentar o número de abstenções”.
“Vou montar um perfil e começar a escrever. Não vou ficar parado. A inércia é prejudicial. Não podemos nos furtar dessa missão”, diz uma mensagem.
Os policiais ainda afirmaram que produção e disseminação de desinformação por policiais federais, enquanto atuavam em estruturas de alta administração, incluindo a Presidência da República, “eram reconhecidos pelos pares como integrantes da estrutura de inteligência”.
“Essas circunstâncias fazem com que a desinformação propagada adquira inevitavelmente um peso maior, dado o prestígio e a credibilidade associados às suas funções”, diz o documento.
Eles também afirmaram que as ações dos policiais federais direcionadas para propagação de desinformação com nítido intento de desestabilizar o processo também após as eleições “é expressamente declarada pelos servidores públicos”.
*Com informações do site Folha de SP
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