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Banco Central diz que “não hesitará” em aumentar juros, se necessário

Autoridade monetária afirma que o momento é de acompanhar as perspectivas de inflação “sem se comprometer com estratégias futuras”

A ata do Comitê de Política Monetária (Copom) publicada nesta terça-feira (6) diz que o colegiado “não hesitará” em elevar a Selic (taxa básica de juros) caso julgue necessário. Segundo o documento, essa foi uma decisão unânime.

Banco Central quer observar com cautela as perspectivas de aumento da inflação. A autoridade monetária decidiu não se comprometer “com estratégias futuras”, mas um aumento no juro base pode vir caso a manutenção da taxa em 10,5% ao ano não controle os índices de preços.

“Avaliará a melhor estratégia: de um lado, se a […] manutenção da taxa de juros por um tempo suficientemente longo levará a inflação à meta no horizonte relevante; de outro lado, o comitê, unanimemente, reforçou que não hesitará em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta se julgar apropriado”, diz o texto.

A ata reforçou a sinalização anterior da autoridade monetária: que é necessário manter uma política monetária contracionista por “tempo suficiente”.

O Banco Central decidiu em 31 de julho manter Selic inalterada em 10,50% ao ano. É 2ª vez em 2024 que o órgão toma essa decisão — ambas por unanimidade do colegiado.

A função do Banco Central é deixar a inflação do Brasil no centro da meta (3%) ao fim de cada ano. Uma das maneiras para fazer isso é pelo aumento dos juros. O crédito mais caro desacelera o consumo e a produção. Como consequência, os preços tendem a não aumentar de forma tão rápida.

O Copom destacou fatores externos como os mais preocupantes para uma pressão na inflação. Mencionou a alta no dólar e também os resultados abaixo do esperado de emprego nos Estados Unidos, que têm sido vistos pelo mercado como indícios de uma recessão.

Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) anunciou também anunciou a manutenção dos juros norte-americanos no intervalo de 5,25% a 5,50%. Alíquotas mais altas em países desenvolvidos tornam os treasuries dessas nações atrativos aos investidores. Assim, há um fortalecimento do dólar em relação às nações emergentes.

Com a moeda norte-americana mais cara, a tendência é uma pressão na inflação brasileira pelos efeitos na dinâmica das importações e exportações.

“Como usual, o comitê focará nos mecanismos de transmissão da conjuntura externa sobre a dinâmica inflacionária interna e seu impacto sobre o cenário prospectivo. Reforçou-se, ademais, que um cenário de maior incerteza global e de movimentos cambiais mais abruptos exige maior cautela na condução da política monetária doméstica”, afirma o documento.

Do lado interno, o Banco Central reforçou a necessidade que o Brasil tem de conduzir melhor as contas públicas. Disse haver um desânimo “no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal”.

O governo federal aumentou as projeções de rombo para o fim do ano, o que levou a necessidade de fazer contenções no Orçamento de 2024. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou no começo de julho restrições nas contas públicas que somam R$ 15,0 bilhões.

Entenda o que são as políticas: 

  • monetária — controle da oferta de dinheiro e taxas de juros pelo Banco Central para regular a atividade econômica;
  • fiscal — decisões do governo sobre gastos e arrecadação com impostos para influenciar a economia.

“Notou-se que a percepção mais recente dos agentes de mercado sobre o crescimento dos gastos públicos e a sustentabilidade do arcabouço fiscal vigente, junto com outros fatores, vem tendo impactos relevantes sobre os preços de ativos e as expectativas.”

Também é mencionado o maior dinamismo de indicadores domésticos, como o mercado de trabalho. Segundo o Copom, esses índices estão acima do esperado.

Todos diretores do Banco Central, inclusive os 4 indicados pelo atual governo optaram por manter a taxa básica de juros em 10,50%.

*Com informações do site Poder 360

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