Na manhã desta quinta-feira (3), a Polícia Federal (PF) deflagrou a operação “Tupinambarana Liberta”, que investiga membros da alta cúpula do governo do Amazonas por suspeitas de manipulação nas eleições municipais de Parintins.
Entre os alvos da operação estão:
- Armando do Valle: Diretor presidente da Companhia de Saneamento do Amazonas (Cosama).
- Marcos Apolo Muniz: Secretário de Estado de Cultura e Economia Criativa.
- Fabrício Barbosa: Secretário de Estado de Administração.
- Tenente-coronel Jackson Ribeiro: Comandante das Rondas Ostensivas Cândido Mariano (Rocam).
- Capitão Guilherme Navarro: Chefe do setor de inteligência da Rocam.
Esses investigados não foram localizados pela PF. As exonerações deles foram anunciadas no fim da tarde de quarta-feira (2), após serem filmados em uma reunião suspeita que favorecia a candidata Brena Dianná, do União Brasil, em Parintins. Essa medida seguiu recomendações do Ministério Público do Estado (MPAM), que abriu um Inquérito Civil para investigar o caso. No entanto, as exonerações ainda não foram publicadas no Diário Oficial do Estado (DOE).
A operação mobilizou cerca de 50 policiais federais, que cumpriram cinco mandados de busca e apreensão em locais identificados durante as investigações em Manaus, começando por volta das 6h. Policiais estiveram em um apartamento na avenida Darcy Vargas, no bairro Parque 10, e em um condomínio no bairro Adrianópolis, ambos na Zona Centro-Sul de Manaus. Até o momento, ninguém foi preso.
Além dos mandados de busca, a Justiça Eleitoral proibiu o acesso dos investigados à cidade de Parintins e a comunicação entre eles e com coligações partidárias locais. Os policiais militares envolvidos serão apresentados na sede da PF para prestar esclarecimentos.
Os investigados foram levados à sede da PF, onde prestaram depoimentos por cerca de 1h30 e, em seguida, foram liberados. O advogado de Armando do Valle esteve presente, mas não se manifestou. As defesas dos demais envolvidos também não quiseram comentar.
A investigação começou a partir de um vídeo gravado em 2 de agosto deste ano na casa de Adriane Cidade, prima e ex-assessora do deputado estadual Roberto Cidade, candidato a prefeito de Manaus com apoio do governo do Amazonas. As imagens mostram uma reunião entre ex-secretários e policiais militares, onde admitem ter comprado votos em eleições passadas, seguido viaturas da PF para cometer crimes sem serem vistos, e planejam trazer bandidos ligados a milícias e crime organizado para serem presos em uma operação “forjada” pela polícia.
Durante as investigações, a PF encontrou indícios de ameaças de líderes comunitários ligados a uma facção criminosa nacional de tráfico de drogas, que proibiram candidatos de acessar certos bairros. Também foram identificados indícios de inércia de agentes públicos em coibir essas ameaças, em benefício de uma candidatura à Prefeitura de Parintins.
O governo do Amazonas emitiu uma nota na quinta-feira, informando sobre a exoneração dos secretários e afirmando que a medida visa garantir a lisura das investigações, permitindo que os citados se defendam de forma justa.
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