O julgamento, apesar de ser uma inclinação humana natural, pode gerar consequências desagregadoras nas relações interpessoais. Consiste no ato de avaliar ou criticar alguém ou algo com base em padrões, crenças ou valores pré-concebidos.
A todo momento, ainda que de maneira inconsciente, estamos formando uma opinião ou avaliação sobre outra pessoa, reagimos ou atribuímos valor a um comportamento, característica, crença ou ação do outro, muitas vezes de forma automática, com base em experiências passadas, normas pessoais, preconceitos, expectativas e frequentemente sem o conhecimento completo da situação ou do contexto.
Esse tipo de comportamento pode se manifestar de várias maneiras, como uma crítica a uma escolha de vida, uma suposição sobre a personalidade com base em uma ação específica, ou mesmo na rotulação de atitudes e emoções.
Na prática, o julgamento pode parecer um comentário depreciativo, uma expressão de desaprovação ou até mesmo um olhar de reprovação – algo que, mesmo sem palavras, comunica descontentamento ou crítica.
Compreender o que é o julgamento e suas causas é imprescindível para superá-lo e desenvolver habilidades de comunicação interpessoal mais agregadora. Eis algumas causas de julgamento nas relações interpessoais:
- Necessidade de segurança – julgar o outro é uma forma de se proteger, mantendo o que é familiar e rejeitando o que é diferente. Um colaborador que está habituado a realizar controles financeiros em planilhas de Excel pode apresentar incômodo e críticas constantes a um colega recém chegado que se demostra hábil em controles com uso de Power Bi e Inteligência Artificial.
- Projeção de inseguranças pessoais – algumas vezes, julgamos o que nos incomoda em nós mesmos ao vê-lo refletido no comportamento alheio. Um parceiro pode agir de forma controladora com o outro, acusando-o de infidelidade, pelo simples fato de ele, autor da crítica, ser infiel.
- Preconceitos e estereótipos–nossas influências culturais, sociais ou familiares costumeiramente nos levam a julgamentos precipitados. Uma pessoa pode desenvolver a crença de que uma pessoa honrada e verdadeiramente bem-sucedida é alguém de origem humilde, que teve que lutar muito para triunfar de realidades adversas porque esta é a sua trajetória de vida, desmerecendo assim, outras formas de conquistas e sucessos. Assim como uma pessoa pertencente à religiões pentecostais pode, a partir de seu contexto religioso, perceber e vê o homossexualismo ou a independência feminina como pecados capitais ou aberrações dos novos tempo e assim porta-se de forma intransigente e julgadora para com os mesmos.
- Experiências passadas – experiências fracassadas de infidelidade com homens do militarismo ou com parceiros de uma realidade profissional específica podem levar mulheres ao julgamento e até mesmo repulsa em conhecer e estreitar laços com outros homens destes mesmos contextos. Bem como o fato de um funcionário ter sido desligado de uma empresa por falta de afinidade com o gestor pode induzi-lo a acreditar que nenhum gestor é confiável, e agir de maneira rude e ríspida com o novo gestor, ainda que este seja uma outra pessoa em uma outra empresa.
- Dificuldade em entender outras perspectivas – nossa falta de empatia ou habilidade de ver além da própria visão por vezes faz com que nos comportemos como donos da verdade e juízes do mundo, nos mergulhando em uma total falta de flexibilidade e tolerância. Uma pessoa com uma ideologia política progressista pode opor-se a tudo que uma ideologia conservadora defende, pelo simples fato de recusa a outras possibilidades de visão. Mas, sabemos que tanto em uma quanto em outra ideologia há valores nobres e há também extremos, e que é possível um diálogo inteligente e agregador sem que precisemos mudar de posição ou condenar a outra parte.
Embora o julgamento seja uma reação automática da vida humana, ele afeta profundamente as interações interpessoais. Ele limita a capacidade de compreender o outro em profundidade, pois a comunicação passa a ser filtrada pela lente da crítica ou do preconceito. Em vez de abrir espaço para a empatia e para a troca genuína, o julgamento cria barreiras emocionais que dificultam a construção de conexões autênticas e produtivas.
Por Joziane Mendes – Coordenadora e Docente Universitária. Administradora. Especialista em Gestão de Pessoas. Mentora, palestrante e escritora com expertise em comunicação interpessoal, conflitos,oratória e carreira
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