Ex-presidente mantém protagonismo mesmo inelegível e atrapalha a renovação da direita no Brasil.
Jair Bolsonaro está inelegível, mas se recusa a sair de cena. Age como se ainda disputasse voto, como se o TSE fosse só um detalhe e o tempo político obedecesse sua agenda pessoal. Não é mais presidente. Não será candidato. Mas segue como mito ambulante — e é justamente aí que mora o problema: o bolsonarismo virou uma prisão com grades douradas e discurso reciclado.
Enquanto a direita brasileira não tiver coragem de empurrar o ex-capitão do palanque, continuará refém de um líder que não pode liderar. Alguém precisa dizer: já deu. Cultuar Bolsonaro em 2025 é como insistir num VHS em plena era do streaming. Nostálgico? Talvez. Eficaz? Nem um pouco.
Não se trata de apagar sua importância política — seria desonesto. Mas também não dá para fingir que não há data de validade. O país precisa de debate, projeto, construção.
O bolsonarismo, hoje, vive de repetir bravatas antigas, como um cover que se recusa a compor música nova. É hora de parar o replay. O Brasil não aguenta mais um looping de 2018. A vida política exige mais do que nostalgia.
Se ainda resta algum compromisso com o Brasil que tanto diz amar, Bolsonaro deveria fazer o gesto que falta: descer do palanque e abrir espaço para um nome elegível, articulado e com capacidade real de disputa.
Porque política não é altar. É arena. E quem já foi derrubado pelo apito do juiz, precisa aceitar que o jogo andou.
