Durante audiência na Comissão de Infraestrutura do Senado, nesta terça-feira (20), o ministro dos Transportes, Renan Filho, e o senador amazonense Plínio Valério (PSDB) protagonizaram um embate em torno da recuperação da BR-319, rodovia que liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO), e de outras questões relacionadas à infraestrutura no estado do Amazonas.
O senador Plínio Valério (PSDB) iniciou sua fala lembrando o colapso enfrentado pelo Amazonas durante a pandemia da covid-19, quando faltou oxigênio nos hospitais e caminhões com cilindros ficaram presos nas estradas.
“Eu me senti torturado aqui, não pelo tempo, mas pela exposição, haja BR haja grão, haja escoamento, haja e amazonas bulhufas, não se falou em Amazonas. Quando vai falar de amazonas foi pra mostrar uma BR lameada com caminhões atolados [….]. Com conterrâneos sendo enterrados em vala comum e os caminhões com oxigênio atolado lá. Então, senhor ministro, o senhor é amigo nosso, mas a sua exposição foi uma tortura para representantes do Amazonas”, criticou Plínio Valério, ao questionar a demora na recuperação da BR-319 e a postura do governo federal frente aos obstáculos ambientais impostos à obra.
Reconstruindo o que foi abandonado
Em resposta, Renan Filho defendeu as ações do Ministério dos Transportes e rebateu críticas sobre o abandono da malha viária amazonense em gestões anteriores.
“De 2006 até 2023, eu quero incluir o meu primeiro ano, que o estado do senhor não tinha nem contrato para manutenção de rodovia, nem contrato tinha. Além disso, caíram as pontes lá no estado do senhor e aí ficaram caídas, não foram reconstruídas no governo passado. Nós estamos reconstruindo”, disse.
Ao tratar especificamente da BR-319, Renan afirmou que o Ministério já considerou a rodovia viável do ponto de vista econômico, mas que os entraves ambientais ainda impedem o avanço das obras.
Para tentar conter as críticas do senador Plínio Valério, o ministro Renan Filho anunciou que, em breve, o governo deve entregar um trecho de 20 quilômetros pavimentados do Bloco C do chamado “meião” da BR-319. Ele também destacou que o Ministério dos Transportes conseguiu reverter, na Justiça, três liminares movidas pela ONG Observatório do Clima, que tentavam anular a licença prévia concedida pelo Ibama para a realização das obras na rodovia.
“Como o Ministério dos Transportes julga necessário uma rodovia? Julga pelo critério de inclusão no sistema nacional rodoviário. E para isso, a lei determina que a gente faça um plano de viabilidade econômica para aquela rodovia e a 319 já tem, é considerado viável”, explicou.
Isolamento de Manaus
Renan também destacou o isolamento da capital amazonense, reforçando a necessidade urgente de integração por vias terrestres. “Eu defendo ela veementemente por onde caminho, dizendo o seguinte: Não há nenhuma cidade do mundo como Manaus que tenha mais de 2 milhões de habitantes no planeta inteiro sem acesso por asfalto. Uma catástrofe destrói uma rodovia, tem que ter a hidrovia e o contrário também é verdadeiro. Porque senão, no momento como a covid-19, que o estado do senhor viveu — eu me recordo que o senhor disse aí — o gás chegou primeiro da Venezuela do que do Brasil. Chegou por quê? Porque tem conexão com a Venezuela e não tem com o Brasil”, afirmou o ministro.
Apesar do anúncio, Plínio voltou a criticar a lentidão no processo. Segundo ele, mesmo com as decisões judiciais favoráveis ao governo, a licença prévia concedida pelo Ibama continua sendo desconsiderada na prática.
“Só vamos ficar satisfeitos quando todo o meião estiver asfaltado. Esses 20 ou 50 quilômetros do Bloco C que prometem entregar não resolvem para quem precisa enfrentar 400 quilômetros de lama e buracos. Vamos continuar lutando pela pavimentação total. Satisfeito, eu não saio”, disse o senador.
Renan Filho afirmou que está ao lado do estado na batalha contra entidades que, segundo ele, dificultam o avanço de obras estruturantes na região. O ministro avaliou que a liberação definitiva da licença ambiental para a BR-319 representará um feito histórico para o Amazonas.
Ele acrescentou ainda que, embora o governo federal esteja investindo em diversas frentes pelo país, a real percepção desses esforços pela população só ocorrerá com a realização de três projetos considerados estratégicos: a recuperação completa da BR-319, a consolidação da hidrovia do rio Araguaia e o início da exploração de petróleo na margem equatorial, na foz do rio Amazonas.
Leia mais: Zambelli pede doações após condenação no STF e arrecada R$ 166 mil
