Tanques israelenses dispararam contra uma multidão que tentava conseguir ajuda humanitária na Faixa de Gaza, na segunda-feira (16). O ataque matou pelo menos 59 pessoas e deixou mais de 200 feridos, segundo médicos.
O episódio é considerado um dos mais sangrentos desde o início da guerra, enquanto moradores desesperados lutam para conseguir alimentos.
Ataque deixa corpos mutilados em Gaza
Imagens que circulam nas redes sociais mostram corpos mutilados espalhados em uma rua de Khan Younis, no sul de Gaza.
O Exército de Israel confirmou que atirou na área e afirmou que investiga o ocorrido.
Testemunhas relataram à agência Reuters que tanques israelenses dispararam pelo menos dois projéteis contra milhares de pessoas que aguardavam caminhões de ajuda em uma estrada no leste de Gaza.
“De repente, eles nos deixaram avançar e fizeram com que todos se reunissem, e então os projéteis começaram a cair, projéteis de tanques”, contou Alaa, uma das vítimas que estava no Hospital Nasser. O local ficou lotado, com feridos espalhados no chão e nos corredores por falta de espaço.
“Ninguém está olhando para essas pessoas com piedade. Elas estão morrendo, estão sendo dilaceradas para conseguir comida para seus filhos. Olhem para essas pessoas, todas estão sendo dilaceradas para conseguir farinha para alimentar seus filhos”, acrescentou.
Israel confirma disparos e diz que investiga
Em nota, as Forças de Defesa de Israel (FDI) reconheceram os disparos:
“As Forças de Defesa de Israel (FDI) estão cientes de relatos sobre vários feridos por disparos após a aproximação da multidão. Os detalhes do incidente estão sob revisão. As IDF lamentam qualquer dano causado a indivíduos não envolvidos e operam para minimizar os danos o máximo possível, mantendo a segurança de nossas tropas.”
Total de mortos sobe para 65 no dia
Além dos 59 mortos no ataque contra civis que buscavam comida, médicos confirmaram outras 14 mortes em tiroteios e ataques aéreos israelenses em diferentes partes do território. O número total de mortos subiu para pelo menos 65 nesta terça-feira (17).
As vítimas foram levadas às pressas para hospitais em carros civis e carroças puxadas por burros.
Mortes durante busca por ajuda se tornam rotina
Esse foi mais um episódio de mortes durante tentativas de conseguir ajuda humanitária. Segundo autoridades de Gaza, nas últimas três semanas, centenas de palestinos morreram tentando acessar os pontos de distribuição da Fundação Humanitária de Gaza (GHF), entidade criada com apoio dos Estados Unidos e protegida por tropas israelenses.
Somente na segunda-feira (16), outros 23 palestinos morreram baleados em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, enquanto buscavam alimentos.
ONU critica sistema de ajuda de Israel
A Organização das Nações Unidas (ONU) rejeita o sistema de distribuição de ajuda por meio da GHF, por considerá-lo inadequado, perigoso e contrário às regras de imparcialidade humanitária.
Israel afirma que o sistema busca impedir que o Hamas desvie os mantimentos, acusação que o grupo nega.
Em nota, a GHF informou na noite de segunda-feira (16) que conseguiu distribuir mais de três milhões de refeições em quatro locais “sem incidentes”.
(*) Com informações da CNN Brasil
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