Manaus (AM) – As águas dos rios amazônicos continuam servindo de escoadouro para o crime organizado. No primeiro semestre de 2025, operações coordenadas pelas Bases Fluviais Arpão 1, 2 e 3, Paulo Pinto Nery e Tiradentes, ligadas à Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), resultaram na apreensão de 1,6 tonelada de drogas nos rios Solimões, Negro, Japurá e Amazonas — principais corredores do narcotráfico na região.

Ao todo, mais de mil embarcações foram vistoriadas entre janeiro e junho. As ações integradas entre as Polícias Militar e Civil também levaram à prisão de 60 pessoas, à apreensão de cinco armas de fogo, 23 munições, 325 mil litros de combustível e duas toneladas de produtos oriundos de caça e pesca ilegais. O prejuízo estimado às facções ultrapassa R$ 158 milhões.

Operação Narke

Apreensão emblemática ocorreu no dia 25 de junho, quando a cadela policial Athena sinalizou a presença de entorpecentes em uma balsa que vinha de Tefé. Ao todo, foram encontrados 55,8 kg de maconha do tipo skunk, 35,5 kg de pasta base de cocaína e 6,7 kg de cocaína em pó escondidos em compartimentos refrigerados. A operação foi batizada de “Narke”.

Rota Solimões

Esses dados reforçam uma realidade denunciada há anos por estudiosos da segurança pública: a Amazônia brasileira, especialmente os rios do estado do Amazonas, compõe a chamada Rota Solimões, principal corredor fluvial do narcotráfico entre a fronteira com a Colômbia e o Brasil urbano. Conforme apontou reportagem da Agência Amazônia Real, esses rios são usados para transportar cocaína produzida nos países andinos, que atravessa o território amazônico e segue para os grandes centros ou para exportação via litoral atlântico.

“O crime entendeu antes que o Estado: a Amazônia é um atalho”, afirmou em entrevista o sociólogo e especialista em segurança Ilário Paixão. “E enquanto não houver uma política regional de inteligência e integração, as facções continuarão navegando livremente.”

Além da tecnologia, o destaque operacional vai para os cães farejadores da Companhia Independente com Cães (Cipcães/PMAM). O cão Xerife, por exemplo, localizou 36 kg de drogas escondidos em sacos de farinha — carga avaliada em mais de R$ 885 mil.

Para o secretário de Segurança Pública, Vinícius Almeida, o resultado só foi possível com investimento estadual.

“Mais de 90% dos recursos das operações vieram do Governo do Amazonas, que compreende a importância da presença policial nos rios”, disse.

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